Diretor nacional da PJ afirma que detenção de jovem de 17 anos "permitiu inviabilizar outros crimes"
Luís Neves afirma que a investigação continua e admite que haja mais portugueses envolvidos.
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O diretor nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves, explicou esta sexta-feira que a detenção do jovem de 17 anos suspeito de promover massacres a escolas no Brasil, entre outras acusações, permitiu que outros crimes tivessem sido perpetrados.
"Essa foi a parte mais penosa para os investigadores. Saber que qualquer dia enquanto não houvesse esta ação, não fosse identificado e que não fosse suposto termo a esta atividade, que podia, de facto, ter acontecido outros crimes e posso-vos dizer que a nossa relação com as autoridades brasileiras, com os nossos colegas da polícia federal do Brasil, permitiu inviabilizar a prática doutros crimes", disse Luís Neves aos jornalistas, à margem da cerimónia dos 113 anos da GNR.
O diretor da PJ dá um exemplo: "Posso-vos dizer que um dos crimes que estava a ser programado no Brasil era o cometimento de um homicídio com laivos de demorado sofrimento de um mendigo, em que essas imagens iam ser transmitidas num ambiente cibernético e que cada assistente pagaria uma determinada quantia. Estamos a falar de um conjunto de crimes que foram inviabilizados e por isso estamos muito felizes pelo trabalho que tivemos da Polícia Judiciária que os nossos colegas. Estamos também preocupados, mas vamos dar seguimento ao trabalho porque vamos identificar outros agentes deste grupo e outros agentes que cometem crimes de idêntica tipologia."
A investigação deste caso continua e o diretor nacional da PJ admite que haja mais portugueses envolvidos.
"Foi um trabalho muito moroso, difícil, de filigrana. Havia uma plataforma, que é o Discord, onde um conjunto de jovens absolutamente extremistas, violentos, que é o perfil deste jovem que foi preso, com comportamentos antissociais, que vivia da impunidade do anonimato das redes, conseguiu construir ele e outros um grupo em que se dedicavam aos crimes que ali estão plasmados. Homicídios, homicídios em massa, automutilação, destruição, crimes contra os animais, propaganda de discursos nazis. É o único português neste momento que está identificado. Este jovem tinha uma capacidade de liderança enorme para fazer movimentar outros jovens de idênticas idades, sobretudo brasileiros", conta Luís Neves.
Um jovem de 17 anos foi hoje detido no Norte do país por suspeita de homicídio qualificado e incitamento ao ódio e à violência, conduta que resultou num ataque com arma numa escola do Brasil, divulgou a Polícia Judiciária.
A investigação, conduzida pela Unidade Nacional Contraterrorismo, resultou esta quinta-feira na detenção do jovem, de nacionalidade portuguesa, suspeito dos crimes de homicídio qualificado, ofensas à integridade física qualificada e discriminação e incitamento ao ódio e à violência, bem como a prática de crimes pornografia de menores, explicou a Polícia Judiciária, em comunicado.