Diretores mostram "desconforto" e "desagrado" sobre serviços mínimos nas escolas
Em declarações à TSF, Filinto Lima afirma que alguns diretores "estão dispostos a demitir-se" e pede que a situação "seja resolvida rapidamente".
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O presidente da Associação dos Diretores dos Agrupamentos Escolares admite que há um descontentamento com a responsabilidade de serem eles a aplicar os serviços mínimos na greve dos professores. A edição desta terça-feira do Jornal de Notícias revela que há diretores de escola que ameaçam demitir-se por causa da responsabilidade que lhes está a ser imputada.
À TSF, Filinto Lima desconhece que esteja em marcha um movimento de pedidos de demissão.
"Não é simpático esta situação para ninguém, muito menos para nós implementarmos uma medida para os professores que estão em luta e numa situação de não resolução dos seus problemas. Nesse sentido, alguns diretores têm contactado a associação e tem demonstrado desagrado, alguns deles dispostos a demitir-se do cargo para o qual foram eleitos", afirmou, desconhecendo, no entanto, que haja um movimento de pedidos de demissão.
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Filinto Lima sublinha que esta "é uma situação que ocasiona grande desconforto para os diretores". "Pedimos que esta situação seja resolvida rapidamente."
O presidente da Associação dos Diretores dos Agrupamentos Escolares lamenta ainda que o ministério da Educação não tenha divulgado o parecer que pediu à Procuradoria-Geral da República sobre a legalidade da greve do STOP. O documento já foi entregue há algum tempo ao Governo e ainda nada se sabe sobre o parecer.
"O Ministério da Educação teve acesso a esse parecer, não sabemos o conteúdo do mesmo, mas era de bom tom a sua divulgação. Era importante sabermos qual é o parecer da PGR em relação a uma greve que já foi prolongada", acrescenta.
O Sindicato de Todos os Profissionais de Educação (STOP) estendeu o pré-aviso de greve até dia 10 de março, uma situação que o coordenador do sindicato diz estar nas mãos das comissões de greve.
"Temos mandato para greve por tempo indeterminado e estamos a cumprir todos os requisitos legais para manter essa greve, apesar dos serviços mínimos", disse à Lusa o coordenador do STOP, André Pestana, sublinhando: "A qualquer momento, se assim for a decisão de quem trabalha nas escolas, cancelamos num minuto".
A greve foi convocada pelo sindicato em dezembro e, em janeiro, começaram outras greves promovidas por outras estruturas sindicais, que foram acompanhadas por fortes protestos e manifestações.
No final da semana passada, o Tribunal Arbitral voltou a definir novos serviços mínimos, que agora passam a garantir também três horas de aulas nas escolas.
No início do ano letivo, a tutela decidiu iniciar um processo negocial para rever o modelo de contratação e colocação de professores, mas algumas propostas deixaram os professores revoltados, como foi o caso da possibilidade de os diretores poderem escolher parte da sua equipa.
Desde então, as negociações entre sindicatos e ministério têm decorrido em ambiente de forte contestação, com os professores a realizarem greves e manifestações.
Fora da agenda negocial, estão reivindicações que os professores dizem que não vão abandonar, tais como a recuperação do tempo de serviço ou as progressões na carreira.