"Discriminação inaceitável." Caso de muçulmana impedida de jogar indigna clube
O Clube de Basquetebol de Tavira admite não defrontar o ACD Ferragudo no jogo deste domingo se Fatima Habib não puder vestir-se como lhe dita a religião.
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O Clube de Basquetebol de Tavira classifica "uma discriminação inaceitável" o que aconteceu com uma atleta muçulmana de 13 anos, que no domingo foi impedida de jogar por rejeitar mostrar os braços. A jogadora usava lenço na cabeça, collants a tapar as pernas e uma camisola debaixo do equipamento amarelo do clube.
A equipa de arbitragem considerou aceitável jogar com o lenço e os collants, mas não com as mangas compridas. Foi primeira vez que tal aconteceu em três anos de competição, como explica o presidente do clube, Ricardo Serrano.
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"Alegavam que ela não poderia jogar com a camisola que tinha por baixo do equipamento. Ela ainda sugeriu puxar as mangas até à zona dos cotovelos, que é o que lhe permite a religião, e, mesmo assim, a equipa de arbitragem foi completamente intransigente e disse que assim não poderia jogar", conta, em declarações à TSF.
"Não cumpre as regras. Assim não pode jogar", disseram a Fatima Habib, mas, na perspetiva do presidente do clube, tal não deveria ter acontecido. "Não era nada que integrasse a integridade física dos adversários. Era uma simples camisola preta que ela utiliza sempre, seja em treinos, seja em jogos."
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Ricardo Serrano considera ainda que houve falta de bom senso por parte da equipa de arbitragem. "Todos falamos sobre inclusão e isto não é inclusão. Uma lei de uma modalidade não pode de forma nenhuma violar a nossa Constituição. No nosso entender, esta regra está a violar a Constituição."
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Por entender que este impedimento é inconstitucional, o clube promete ir até ao fundo da questão. "Vamos expor à Federação Portuguesa de Basquetebol, embora a Federação, pelo que vimos na comunicação social, já está a assobiar para o lado. Penso que não deve ser esta a atitude de uma instituição de utilidade pública", assegura Ricardo Serrano, que alvitra ainda: "Talvez haja palavras mal escolhidas. Não acredito que assobiem para o lado..."
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A equipa feminina de sub-16 joga este domingo para o campeonato regional, e o treinador, André Pacheco, admite que a equipa possa não entrar no terreno de jogo. "Se ela não puder jogar, a equipa não vai jogar. Não posso voltar a deixá-la passar por aquela situação", diz André Pacheco sobre uma situação que entende ser "violenta demais para uma menina de 13 anos".
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