"Discriminatória e injusta." Proposta do ministério "não recupera um único dia" do tempo congelado dos professores
Os problemas na área da educação subiram a debate no Fórum TSF. Sobre a possibilidade de uma greve às avaliações, Mário Nogueira afirma que serão o Governo e o Ministério a decidir.
Corpo do artigo
O ministro da Educação, João Costa, afasta a recuperação do tempo de serviço dos professores que tiveram esse tempo congelado, tendo em conta os custos financeiros, mas adianta, no Fórum TSF, que a proposta do Ministério foi melhorada e vai ser apresentada na quinta-feira aos sindicatos. Em resposta a estas declarações, Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, afirma que o ministro da Educação perdeu os professores e as medidas que anuncia não passam de propaganda.
Também no Fórum TSF, Mário Nogueira sublinha que a proposta do Ministério não muda nada relativamente à recuperação do tempo de serviço.
"A proposta que o Ministério da Educação apresentou não recupera um único dia daqueles que estiveram congelados. Recuperação zero. E quanto às dispensas de vagas, alegadamente, a proposta destina-se a combater assimetrias, dos períodos de congelamento, diz o Ministério. Não, a proposta é discriminatória, injusta e gera mais e piores assimetrias do que aquelas que já existem", considera Mário Nogueira.
TSF\audio\2023\04\noticias\19\mario_nogueira_1_recuperacao_zero
Greve às avaliações? Ministério e Governo devem decidir
Questionado sobre a possibilidade de uma greve às avaliações, Mário Nogueira passa a bola ao Governo.
"Vai ser o Ministério da Educação e o Governo a decidir se há ou não greve às avaliações, porque eles é que vão decidir se querem manter este clima de confronto com os professores, não apresentando propostas que resolvam os problemas de carreira. Há uma coisa que os professores não abdicam: o seu tempo de serviço", garante.
Pedro Barreiros, vice-presidente da FNE, também ouvido no Fórum TSF, avisa que os professores estão hoje mais perto de uma greve às avaliações.
"Se o Governo tem revelado alguma capacidade de resolver os problemas da educação? Claramente que não. Se os sindicatos esperam que o ministro da Educação amanhã alguma evolução? Penso que muito pouco. E, em relação, a esta questão, se corremos o risco do ano letivo terminar com uma greve às avaliações? Diria que sim. Se corremos o risco do próximo ano letivo se iniciar com problemas acrescidos? Claramente que corremos", refere, sublinhando que o responsável por esta situação tem "um nome e esse nome é António Costa".
TSF\audio\2023\04\noticias\19\pedro_barreiros_1_edit
Avaliações serão concluídas "com greves ou sem greves"
Já Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Diretores, defende que o Governo devia perceber os motivos da luta dos professores.
"Se houver greves às avaliações é muito preocupante. As escolas têm um processo de trabalho que é concluído com as avaliações e as avaliações, com greves ou sem greves, serão concluídas. Se não for a 20 de junho, será a 20 de julho. Sempre foram feitas [as avaliações], os professores nunca deixaram de fazer o que têm de fazer. Se não é no tempo certo é no tempo útil, é no tempo necessário. É preciso que os pais percebam isso", sublinha, em declarações no Fórum TSF.
TSF\audio\2023\04\noticias\19\manuel_pereira_greve
Confap disponível para mediar negociações
Perante a ameaça de uma greve às avaliações, a Confederação das Associações de Pais (Confap) está disponível para mediar as negociações entre o Ministério da Educação e os sindicatos dos professores.
"Esperamos que amanhã no decorrer de mais uma ronda de negociações possam chegar a acordo e sabemos que é necessário que haja cedências de ambas as partes, que haja resultados, porque no fundo quem está a perder são as crianças e os jovens", afirma Paulo Cardoso.
"Este ano, as crianças e os jovens e as famílias já estão suficientemente prejudicados com esta situação. Tem que se chegar a bom porto, mas o que é certo é que os prejudicados são sempre os mesmos e é muito complicado. Contudo, estamos aqui para mediar se necessário for", acrescenta.
TSF\audio\2023\04\noticias\19\paulo_cardoso_2_mediar