António Vitorino, antigo diretor da Organização Internacional para as Migrações, afirma, em declarações à TSF, que quem vem de fora não é a fonte de todos os males da sociedade.
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O antigo diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM) não tem dúvidas em classificar o ataque a imigrantes no Porto como um crime de ódio "inadmissível num país democrático".
"O que motiva os agressores é o estatuto das pessoas, o serem imigrantes e serem diferentes, serem alguém que veio de fora", considera à TSF António Vitorino. O ex-diretor da OIM julga que há "um intuito discriminatório, para fazer dos imigrantes o alvo da violência".
Os acontecimentos que levaram um conjunto de homens a agredir imigrantes no Porto no passado fim de semana "é inadmissível num país democrático onde a diferença tem de ser respeitada e onde não é possível que haja justiça feita por mãos privadas".
O ex-dirigente do organismo das Nações Unidas considera que a integração dos imigrantes tem de ser feita pelas duas partes, pela sociedade que os acolhe, mas também pelos próprios imigrantes. "É um trabalho de todos os dias que nunca está completo", sublinha.
"Há sempre mais a fazer para garantir que os imigrantes respeitam os valores da sociedade onde se integram, e que as comunidades que os acolhem compreendem e aceitam o convívio na diversidade", adianta. O ex-diretor geral da OIM sublinha que "há sempre grupos minoritários que rejeitam qualquer forma de integração (...) e, neste caso, estamos perante um grupo de meliantes, de criminosos, que se motivaram pelo estatuto de imigrantes das vítimas e a esses provavelmente nenhuma integração satisfará nunca",observa.
O antigo diretor-geral da OIM até setembro de 2023 considera que há um discurso contra os imigrantes na sociedade portuguesa que "vai fazendo caminho", nomeadamente associando a imigração à criminalidade, "o que é totalmente infundado".
"Há um discurso que faz dos imigrantes a fonte de todos os males, quando na realidade os nossos males sociais somos nós que os temos de resolver na sociedade portuguesa", sublinha.