Desde o 25 de Abril de 1974 que os discursos presidenciais para assinalar o aniversário da revolução têm ficado marcados por apelos à necessidade de recuperar a economia e dar sentido aos sacrifícios.
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Há 34 anos, exactamente no dia em que Portugal recebia um empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajudar a estabilizar a economia, o primeiro-ministro de então, Mário Soares, ouviu o presidente Ramalho Eanes assumir que não hesitaria em tomar medidas necessárias para assegurar a viabilidade da nação.
Eanes deixava antever uma nova solução de governo a curto prazo, perante o ar desagradado de Mário Soares.
O presidente de então considerava que a recuperação da economia e a absorção do desemprego eram problemas graves, sendo necessário vencer dificuldades para dar sentido aos duros sacrifícios que eram exigidos aos portugueses.
Sete anos depois, em 1984, o FMI já tinha regressado a Portugal, a democracia tinha dez anos e Ramalho Eanes entendia que não havia justificação para o tempo perdido.
No seu discurso, falou de energias dispersas e na falta de rigor que afastava o país da sua independência. Já não havia mais espaço para erros, alertava, num discurso que não foi aplaudido por Mário Soares.
Em 1994, Mário Soares era presidente e Cavaco Silva chefiava o Governo depois de duas maiorias absolutas, mas antes do bloqueio da ponte 25 de Abril e do congresso "Portugal: que futuro?".
Na altura, Soares traçava um quadro crítico da situação económica e social e pedia soluções urgentes para carências graves.
Em 2003, altura em que Durão Barroso era primeiro-ministro, o presidente Jorge Sampaio dizia que Portugal estava mergulhado numa crise internacional, era preciso não desperdiçar mais tempo e controlar as finanças publicas era uma obrigação fundamental.
Contudo, lembrando a economia estagnada e o desemprego, Sampaio sublinhava: «Há mais vida para além do Orçamento».