Do Alqueva até Marte. Há um português na lista das 100 melhores fotos do espaço
Fotos de Miguel Claro, tiradas em locais como o Alqueva, no Alentejo, ou o Vale da Morte, na Califórnia, foram selecionadas pelo portal norte-americano Space.com e mostram a galáxia de Andrómeda ou um eclipse lunar.
Corpo do artigo
De um eclipse à Via Láctea, do Alqueva, em Portugal, ao Vale da Morte, na Califórnia. Um total de dez fotografias do fotógrafo português Miguel Claro foram incluídas pelo Space.com nas lista das 100 melhores fotografias do espaço do ano 2018. O portal norte-americano reúne as melhores fotos do ano ligadas ao espaço, ciência, tecnologia e astronomia, e escolheu uma dezena de fotos do português - que é o astrofotógrafo oficial da reserva Dark Sky Alqueva.
A galáxia de Andrómeda, fotografada a partir do Observatório da Cumeada, que é a sede do Dark Sky Alqueva, ou a fotografia que mostra o rasto da queda de um meteorito por cima de uma lagoa no Alandroal, são apenas dois exemplos de fotografias destacadas pelo site norte-americano e que foram trabalhadas por Miguel Claro na região alentejana do Alqueva. Um local com condições quase ótimas para a prática e pelo qual o fotógrafo foi passando ao longo de 2018.
"Atualmente já são mais de 9 mil quilómetros quadrados. É uma região que foi certificada pela UNESCO como "First Starlight Tourism Destination", portanto, significa que tem um céu muito bom para a astrofotografia, para a observação celeste", diz à TSF, Miguel Claro, que acrescenta: "Foi um trabalho feito ao longo do ano, com várias imagens, desde fotografias de paisagem a um eclipse total da lua ou o Arco da Via Láctea fotografado durante o verão".
Nos últimos dez anos, Miguel Claro especializou-se em astrofotografia de paisagem e integra o European Southern Observatory. É também colaborador da revista National Geographic Portugal e de outras publicações ligadas à astronomia.
Além das fotografias executadas na planície alentejana, o destaque dado pelo Space.com inclui ainda duas fotografias que foram feitas fora do país. No Chile e nos Estados Unidos.
"Um delas no Deserto de Atacama, no Chile, a outra no Vale da Morte, na Califórnia. São momentos sempre marcantes. Estamos a falar de fotografar de noite e em locais muito díspares. No Chile, por exemplo, temperaturas negativas e grandes altitudes. No Vale da Morte, lembro-me que numa das fotos feitas lá, por volta da meia-noite, a temperatura era de 41 graus. Fotografar nessas condições é difícil", conta.
Quanto à região do Alqueva, salienta, começa a atrair cada vez mais fotógrafos e turistas estrangeiros para fotografar os céus a partir da planície alentejana.
"No que diz respeito ao Dark Sky Alqueva, temos tido uma procura imensa do mundo inteiro, desde pessoas que vêm da Turquia ou da China, passando pelos países nórdicos. Tem sido uma procura muito grande e crescente, temos mesmo várias datas marcadas para o ano seguinte, com sessões de observação, porque as pessoas querem muito ter esta experiência", diz.
Ter um céu limpo ou baixos níveis de humidade são condições essenciais para uma fotografia de qualidade, adianta ainda à TSF o fotógrafo Miguel Claro, que defende que o Alqueva tem por hábito ser um local de excelência. "Se quisermos apanhar uma Via Láctea fantástica, penso que o Alqueva, no geral, proporciona essas condições".
"E, é óbvio que se estivermos ao lado de um espelho de água é sempre fantástico, daí também que a questão do lago do Alqueva ajude bastante. Mas, se estivermos em regiões de montanha também se conseguem fotografias interessantes", acrescenta.