Do bisturi à política local. O autarca que veste a camisola e a bata pelo concelho
Às quintas-feiras, é cirurgião de ortopedia, mas o médico voluntário é também autarca a tempo inteiro. Conheça a história de Benjamim Rodrigues.
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Próteses, reconstruções ligamentares e terapêutica de outros traumas. Às quintas-feiras, o autarca de Macedo de Cavaleiros também veste a bata e socorre-se do bisturi. Além dos problemas sociais da região, Benjamim Rodrigues ocupa-se de corrigir as deformidades do corpo.
"São cirurgias mais ou menos complexas, demoradas", admite o autarca que queria operar cem pessoas e conseguiu chegar a cerca de 40.
O presidente da câmara de Macedo de Cavaleiros anunciou no ano passado que começaria a fazer cirurgias de ortopedia em regime de voluntariado na Unidade Local de Saúde do Nordeste.
Um ano depois, Benjamim Rodrigues confirma o que o prognóstico já antevia: a felicidade por ter voltado a exercer medicina vale o desdobramento e um serviço ininterrupto à comunidade. Mas entre as enfermidades e as políticas locais, a vida de presidente de câmara é muito mais exigente, como confessa à TSF. "Honestamente, é muito mais difícil ser autarca e lidar com problemas que têm predominantemente que ver com a gestão de emoções e de recursos humanos. Viver os problemas das populações, que eu também já vivi, é muito mais difícil."
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O médico já tinha trabalhado em regime de voluntariado e foi presidente da junta de freguesia de Talhas, a sua terra natal. À época, dava consultas grátis aos habitantes das aldeias no edifício da sede da autarquia.
Os compromissos da câmara não lhe permitem mais do que duas sessões de operações por mês, com três ou quatro intervenções de cada vez. Contudo, garante, esta poderia ser uma atividade a tempo inteiro. "Recebo solicitações todos os dias para ser o cirurgião de vários pacientes. É um orgulho e um privilégio perceber que as pessoas sentem a minha falta."
Com um tronco forte e uma coluna vertebral de intervenção social, Benjamim Rodrigues continuará a curar os males da região. O médico voluntário que é também eleito nos corredores hospitalares quer servir a população gratuitamente, já que a legislação não lhe permite acumular o cargo de autarca com outra atividade.