Fundação conhecida pelas pousadas e hotéis já recebeu 14 refugiados. Tem espaço para mais uma ou duas centenas, mas antes quer garantir que todos têm condições para encontrar trabalho em Portugal.
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Mustafá Al Sbeea vem de Mossul, no Iraque, uma cidade que nos últimos anos esteve ocupada pelo Estado Islâmico. Fugiu de um cenário de guerra, numa viagem difícil que o levou até à Grécia num bote de borracha. Recolocado em Portugal, há dois meses que Mustafá está alojado em Oeiras, num espaço hoteleiro da Inatel perto do mar.
Mustafá já teve algumas aulas de português, espera começar a trabalhar na lavandaria e é um dos 14 refugiados recebidos pela INATEL que, como recorda o presidente, Francisco Madelino, desde a II Guerra Mundial que tem uma tradição de acolhimento de pessoas em fuga.
A ideia da INATEL é ajudar os refugiados que agora chegam à Europa e há margem para acolher uma ou duas centenas nos espaços que a Fundação tem por todo o país.
Contudo, antes é preciso garantir que depois há mesmo possibilidade de integração no mercado de trabalho, após uma primeira fase que passa pelo acolhimento, formação profissional e experiência de trabalho, pago, nas unidades turísticas da fundação.
O presidente da INATEL explica que a integração está a correr bem e os três refugiados da Eritreia que desistiram do programa de integração são uma exceção.
A reportagem da TSF encontrou, aliás, vários refugiados felizes com aquilo que os esperava em Oeiras.
"Malucos"
Haider Alrabae, 45 anos, vem do Iraque onde era professor de educação física. Agora, espera aprender a ser cozinheiro com a ajuda da INATEL e diz que Portugal "é amigo".
Num português muito limitado de quem começou a aprender a língua há um mês, vai explicando que os refugiados que saíram daqui só podem ser "malucos".
Ayham Salfiti, um palestiniano de 22 anos, e Ismael Haki, um sírio de 36 anos, são outros dois refugiados. Chegaram a Portugal há duas semanas e admitem que ainda é cedo para terem uma opinião sobre o país.
Ismael preferia ter ido para a Noruega... mas por agora está a tentar conhecer Lisboa e os portugueses para perceber se vale a pena ficar por aqui. A maior preocupação, dele e de outros refugiados, é se irão encontrar trabalho depois do fim do contrato de inserção assinado com a INATEL.