Do "problema sistémico" ao "colapso total da governação". Demissão motiva críticas ao Governo
A secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, apresentou esta quinta-feira a demissão, cerca de 24 horas depois da tomada de posse.
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O líder parlamentar do BE considerou que, ao contrário do que o primeiro-ministro defendeu esta tarde no parlamento, a secretária de Estado da Agricultura concluiu "e bem" que não tinha condições "políticas e éticas para continuar".
"O primeiro-ministro passou toda a tarde, no parlamento, a defender que a secretária de Estado da Agricultura tinha condições políticas e éticas para continuar. Minutos depois do debate, a própria, e bem, concluiu exatamente o contrário", referiu Pedro Filipe Soares numa publicação na rede social Twitter.
O Primeiro-Ministro passou toda a tarde, no Parlamento, a defender que a Secretária de Estado da Agricultura tinha condições políticas e éticas para continuar.
- Pedro Filipe Soares (@PedroFgSoares) January 5, 2023
Minutos depois do debate, a própria, e bem, concluiu exatamente o contrário.
Um "problema sistémico", fruto da maioria absoluta
Rui Tavares, líder do Livre, fala de "um problema sistémico" nas nomeações do Governo. As sucessivas polémicas já não podem ser consideradas coincidência, são um sintoma da maioria absoluta, disse o deputado em declarações na SIC Notícias.
"Quando há um caso ou outro que acontece pode-se dizer que é obra do acaso, se acontecem dois seguidos mais ou menos parecidos pode-se dizer que é obra do acaso. Agora quando acontecem coisas que provavelmente qualquer um de nós com uma pesquisa na Internet de alguns minutos chegaria à conclusão que não é a melhor ideia avançar para aquele convite, para aquela nomeação, não é obra do acaso, é um problema sistémico e é um problema que tem a ver com a maioria absoluta."
"O país está sem homem ao leme e o barco está à deriva"
Por sua vez, o líder do CDS considera que o primeiro-ministro deixou de ter condições para governar e pede a dissolução do parlamento e eleições antecipadas "por colapso total da governação socialista". Em comunicado o presidente dos centristas escreve que "não há duas sem três".
"Depois da defesa que o primeiro-ministro fez no Parlamento da secretária de Estado da Agricultura agora demissionária, o primeiro-ministro deixou de ter condições para governar o país. A governação caótica socialista gera uma profunda instabilidade que prejudica o funcionamento regular das instituições democráticas e o desenvolvimento do país", escreveu Nuno Melo numa nota enviada às redações.
"Este governo socialista está esgotado com mais este caso e com mais esta demissão. O país está sem homem ao leme e o barco está à deriva. Só a dissolução do parlamento evitará que Portugal se afunde mais a cada mês que passa. Os portugueses merecem ser chamados a resolver esta crise política."
Demissão de Carla Alves evidencia "incapacidade política" de ministra
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) defendeu que a demissão da secretária de Estado da Agricultura evidencia a "incapacidade política" da ministra da Agricultura e questiona se Maria do Céu Antunes tinha conhecimento do caso.
"Este é mais um episódio que evidencia a absoluta incapacidade política da ministra da Agricultura, [Maria do Céu Antunes], e que revela uma gritante ausência de capacidade de gestão para desempenhar adequadamente as suas funções", afirmou o secretário-geral da CAP, Luís Mira, em resposta à Lusa.
A CAP pede que seja apurado se a ministra sabia das "circunstâncias graves" que levaram à demissão de Carla Alves.
"O que se espera no rescaldo desta lamentável situação é que haja, primeiro, uma responsabilização política inequívoca e que dela se retirem as devidas consequências", vincou.