Do pudim aos jogadores que não ficam no banco. Costa e Jerónimo abriram época de debates

Paulo Spranger/Global Imagens
António Costa e Jerónimo de Sousa estiveram no frente-a-frente, na SIC, no primeiro debate antes das eleições Legislativas. A Geringonça esteve no centro da conversa e não ficou de parte um acordo para o futuro.
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Da cozinha ao campo de futebol. O debate entre António Costa e Jerónimo de Sousa nunca chegou a aquecer, não passou sequer de uma temperatura morna, mas deu para entender que o líder comunista não coloca de parte uma nova Geringonça - apesar de deixar claro que a conjuntura é diferente - e que o socialista não avança com nomes para um possível Governo, porém garante que os melhores jogadores de uma equipa nunca ficam no banco.
A confiança foi um dos temas em cima da mesa e Jerónimo garante que este sentimento se vê nas "coisas concretas". "Como dizia a minha mãe 'a melhor prova do pudim é comê-lo'", atirou o comunista. "Acho que ninguém comeu ninguém", prosseguiu, justificando que "quando se fala de comer o pudim estamos a falar daquilo que foi alcançado".
E muito foi alcançado, pelo menos Costa não tem dúvidas disso. E deixa até claro que as conquistas também têm um carimbo do PCP. "O PCP assume uma parte, mas depois sublinha sempre o que designa como as limitações do PS e os seus compromissos com a União Europeia. Ora, nós orgulhamo-nos de chegar ao final dos quatro anos e poder dizer 'cumprimos tudo o que assumimos com os portugueses, com os parceiros parlamentares e com a União Europeia'", admite.
A lei laboral e as recentes alterações foram um dos temas de discórdia, com Jerónimo a reforçar que "não é por acaso que os patrões dos patrões estiveram de acordo com estas alterações" e que o Presidente promulgou a lei "tendo em conta a possibilidade de uma crise real ou fictícia, no fundo para dizer que se existir crise quem vai pagar é quem trabalha".
A resposta de Costa veio em números. Em relação aos postos de trabalho, por exemplo, o primeiro-ministro relembra os "350 mil" empregos, "92% foram contratos sem termo, contratos definitivos". "Isto é um grande resultado do trabalho que fizemos e também do seu trabalho", ressalva Costa, dirigindo-se ao adversário de debate.
O futuro... que não afasta novos acordos
Com um olhar de avaliação da Geringonça, numa altura as eleições legislativas estão mesmo à porta, António Costa recorda, no que diz respeito ao PCP, houve matérias sobre as quais nunca houve entendimentos e onde nem sequer se levantou a questão. "Se saíamos da NATO ou não saíamos da NATO, por exemplo... Ideias que não faziam sequer parte do caderno de encargos para as negociações. Houve matérias que não chegámos a acordo num momento inicial, mas depois felizmente a evolução da situação económica, das condições internacionais do país, a forma como fomos consolidando as finanças públicas permitiram-nos ir mais além e fomos mais além, procurando sempre um trabalho com grande franqueza e objetividade", justifica o chefe do Executivo.
Jerónimo de Sousa considera que "um caminho tem sempre dois sentidos: ou avançamos e achamos que avançar é preciso e possível, ou andamos para trás". Perante isto, e questionado sobre uma possível repetição da Geringonça, o líder comunista não põe de parte o cenário, mas explica que "a conjuntura será diferente, não será igual, é incontornável".
O futuro continuou a ser tema de conversa, mas Costa não revelou os nomes que tem pensado, mas deixou uma garantia: "Não é preciso ter grandes dotes para perceber que tem de formar uma equipa não deixa no banco, com certeza, os melhores jogadores que pode pôr a jogar." Assim, os convites para formar Governo, caso vença as eleições, só serão feitos quando houver "legitimidade".