Do Rossio ao Largo do Carmo. Mulheres lutam por direitos em desfile pelas ruas de Lisboa
O Movimento Democrático de Mulheres defende na TSF que só travando quem quer reescrever a história é possível evitar passos atrás nos direitos das mulheres.
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Várias mulheres vão este sábado desfilar pelas ruas de Lisboa, entre o Rossio e o Largo do Carmo. A manifestação, um mês antes dos 50 anos do 25 de Abril, é organizada pelo Movimento Democrático de Mulheres.
Regina Marques, do conselho nacional do movimento, afirma que só travando quem quer reescrever a história é possível evitar passos atrás nos direitos das mulheres e admite que os resultados das eleições trazem novas preocupações.
"Temos preocupações, apreensões também olhando para os programas, olhando para os discursos que foram feitos nos media. Sabemos bem que se não estivermos mais unidas, se não estivermos mais na luta diária também, naturalmente que estas coisas podem voltar para trás. Este refazer a história que muitas vezes já aparece por aí, como se o 25 de Abril tivesse sido um golpe de Estado, como se o povo não tivesse aderido, como se as mulheres não tivessem vindo para a rua. Parece que está a ser reescrita a história por aqueles que querem dominar e continuar a sujeitar as mulheres, continuar a inferiorizar, a tê-las como uma mão-de-obra barata e, no fundo, até retirar-lhes direitos. Não há democracia sem a participação das mulheres. Isto é um slogan que é verdadeiro, não apenas eleitoral, mas uma participação cívica que está permanentemente a chamar a atenção das coisas e a dizer que precisamos de continuar. Sem igualdade também não há democracia", sublinhou à TSF Regina Marques.
A marcha deste sábado à tarde junta o fim das comemorações do Dia da Mulher, a 8 de março, aos 50 anos da revolução, daqui a um mês.
"Em primeiro lugar é acabarmos as grandes comemorações do 8 de março, porque normalmente esta manifestação é uma manifestação reivindicativa, é evidente, mas também de afirmação das mulheres e dos seus direitos. E, naturalmente, exigir em primeiro lugar que os direitos sejam cumpridos. O direito de maternidade, o direito à saúde, o direito ao trabalho digno com salários iguais, contra as desigualdades salariais e também por todas aquelas mulheres que têm de trabalhar desmedidamente com horários conturbados e desregulados. Há aqui toda uma reivindicação no sentido de celebrarmos este 8 de março como um dia de luta. Nunca foi um dia de festa apenas, foi sempre um dia de luta. Historicamente é assim e este ano tem esta contingência também de começarmos a celebrar os 50 anos do 25 de Abril. E aí, de facto, recordar os direitos que conquistámos, que estão a Constituição da República e que, se tivessem sido cumpridos, nós não estaríamos hoje como estamos", acrescentou a representante do Movimento Democrático de Mulheres.
