Há restaurantes em Elvas "com 40 e 50 empregados com duas e três mesas ao almoço e jantar".
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Os comerciantes de Elvas ainda estão a tentar perceber como reagir ao recolher obrigatório nos próximos dois fins de semana, depois do concelho alentejano que faz fronteira com Badajoz ter sido incluído na lista dos municípios com elevado risco de contágio de Covid-19. Há na restauração quem admita fechar portas sábados e domingos. Num ponto todos concordam: vêm aí dias difíceis para a economia local tão dependente dos vizinhos espanhóis.
A proprietária da Taberna do Tempo, em pleno centro histórico de Elvas, até já tem o plano estabelecido para os próximos fins de semana. "Vamos manter-nos fechados. Trabalhamos de segunda a sexta, no horário normal, mas sábado e domingo ficamos em casa, porque não se justifica", diz, revelando que a maioria das pessoas chega à Praça da República - onde se situa o estabelecimento - cerca das 11h00.
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"Não há tempo para preparar os almoços, porque temos de fechar à uma da tarde", diz, assumindo que sábados e domingos são os dias fortes da casa, impulsionados pela adesão de espanhóis, mas a obrigação da cidade em fechar à hora de almoço vai afastar o turismo, deixando avistar nuvens negras rumo ao futuro mais próximo. "Depois do que temos passado nestes meses, onde nem no verão tivemos a oportunidade de recuperar alguma coisa, estas medidas vão ser fatais para muitas pessoas", resume.
Debaixo do emblemático "arco da Praça", Artur Pinheiro também testemunha dificuldades na promoção e venda de vinhos. "Fechar Elvas ao fim de semana é o que se chama cortar as pernas. São os dias em que se vende mais e em que temos os clientes espanhóis, que deixaram de vir", sublinha, acrescentando que sábados e domingos representam 50% das vendas no seu estabelecimento.
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Já o presidente da Associação Empresarial de Elvas, João Pires, lamenta que a cidade tenha entrado para a lista dos municípios de alto risco de contágio, alertando que o ´fardo´ é ainda mais pesado por se tratar de uma zona de fronteira.
"Com os clientes espanhóis a restauração trabalha muito bem no fim de semana e isto vai ser um problema a juntar aos que vinham detrás, porque nos próximos fins de semana pode não haver nem um único trabalho", alerta, admitindo que o cenário possa piorar face ao que se tem observado nos últimos tempos na restauração local, como que a antecipar as dificuldades que aí vêm. "Temos restaurantes com 40 e 50 empregados com duas e três mesas ao almoço e jantar", refere o dirigente.
Para tentar fintar a crise, a Associação Empresarial dirige agora o foco para dezembro, avançando com animação de Natal pela cidade, fazendo fé que por essa altura Elvas já esteja distante dos concelhos de maior risco de contágio, voltando a atrair o turismo do lado de lá da raia.