Donald, Pateta, Gastão e Margarida. A nova vida de quatro dos galgos de João Moura
Quatro dos 18 cães retirados a João Moura estão a recuperar num abrigo em Torres Vedras e um mês depois as melhoras saltam à vista.
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Há um mês o cavaleiro tauromáquico João Moura foi detido por suspeitas de maus tratos aos cães que tinha na herdade em Monforte. Ouvido pelo tribunal ficou com termo de identidade e residência. O país ficou chocado com as imagens de galgos feridos e em estado de subnutrição. Os 18 animais foram apreendidos e encaminhados para várias associações. A Associação de Proteção dos Animais de Torres Vedras (APA) recebeu quatro cães.
Um mês depois, os animais ainda precisam de cuidados médicos, mas a recuperação com dose extra de mimo é evidente e em breve vão poder ser adotados.
"São muito meiguinhos e estão habituados a receber muitas visitas", explica Ângela Assis, voluntária da APA.
O momento da chegada dos cães ao abrigo foi marcante. "Todas as pessoas, que estavam presentes, fartaram-se de chorar e são pessoas que estão habituadas a situações muito duras", conta a voluntária.
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Um mês depois as mazelas ainda são visíveis e deixam perceber o estado em que os quatro galgos se encontravam.
"Nunca vi animais a comer tanto. Comiam sem parar. Tínhamos que tirar a comida porque naqueles primeiros dias não era bom que comessem tanto. Foi uma loucura. Eles não paravam de comer", lembra Ângela Assis.
A saúde dos animais ainda exige cuidado. "Um tem leishmaniose e três têm febre da carraça", diz a voluntário garantindo que nas últimas semanas ganharam peso, já brincam e daqui a um mês, ou mês e meio vão estar recuperados.
O feitio dos galgos foi uma ajuda na adaptação à nova casa. "São animais muito doces, tranquilos, silenciosos. Quase aristocráticos", resume Ângela.
"Os animais que têm a memória da privação (seja de alimento ou de carinho) ou de momentos mais duros, depois são excelentes cães que vão querer sempre agradar os futuros donos", explica.
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Ângela Assis admite que estes seriam animais de competição. "Quando nasce uma ninhada não são todos os que servem para competir. Haverá um ou dois que são treinados e conseguem bons resultados os outros ficam por ali sabe-se lá para quê. Sabemos de muitas histórias, mas não quero fazer especulações," conta à TSF.
Os galgos retirados a João Moura não são caso único. Há muitos animais à espera de adoção e APA está a rebentar pelas costuras. Onde deviam estar 180 animais, há agora 300, quase todos cães. "Vivemos um dia de cada vez. Às vezes uma hora de cada vez", resume.
Ainda não se sabe qual vai ser o destino dos quatro galgos, que por enquanto se chamam Margarida, Gastão, Pateta e Donald, no entanto não falta quem os queira e Ângela Assis espera que este caso sirva de lição.