Desde o início do ano até à última segunda-feira a indústria farmacêutica atribuiu apoios e subsídios a profissionais de saúde no valor de 28 milhões de euros. Estes profissionais apenas declararam ter recebido 8 milhões. Os dados, divulgados pelo jornal Público, e que apontam que esta discrepância de 20 milhões de euros, constam de uma plataforma informática criada pelo Infarmed.
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O Bastonário da Ordem dos Médico admite, que por vezes, os médicos se esquecem de declarar os donativos. Ouvido pela TSF, José Manuel Silva diz que os profissionais e instituições de saúde que não declaram os apoios recebidos não o fazem de forma intencional.
Na segunda-feira, o chamado Portal da Transparência tinha quase 35 mil declarações de doações e perto de 5500 de recebimentos. Segundo o Público só em dois casos existe compatibilidade entre o que uns dizem que doaram e o que outros declararam ter recebido.
A divergência agravou-se do ano passado para este. Em 2013 foram declarados 15 milhões em donativos pela indústria farmacêutica e os profissionais de saúde declararam ter recebido quase 13 milhões e meio. Uma diferença de um milhão e meio de euros.
As informações que constam do portal criado pela Autoridade Nacional do Medicamento foram analisados por uma empresa especializada no processamento de dados informáticos.
A lei que torna obrigatórias as declarações de apoios superiores a 25 euros, concedidos pelos laboratórios, está em vigor desde fevereiro de 2013. Segundo o Público, a Ordem dos Médicos prepara-se para divulgar um parecer que confirma que os clínicos têm de notificar o Infarmed sempre que receberem da industria farmacêutica mais de 25 euros.
Para o bastonário dos médicos a obrigatoriedade de declarar apoios recebidos é um absurdo. José Manuel Silva lembra que a indústria farmacêutica está obrigada a prestar informação sempre que concede algum apoio. Pedir o mesmo a quem o recebe a fazer o mesmo não faz sentido.