Dos concertos imaginários a um grande palco no Alive. Assim nasce uma banda
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Este dia é uma estreia, mas já aconteceu mais do que uma vez. Repetiu-se, ensaiou-se, sonhou-se na cabeça de Mariana Prista e de Margarida Adão.
Quando pela primeira vez se ouviu música num palco do NOS Alive deste ano, era a melodia da voz da primeira e os acordes da guitarra da segunda. Esta foi também a primeira vez que a dupla Y.Azz x B-Mywingz pisou um grande palco.
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Este dia começou há muitos dias, quando as duas artistas em construção venceram a edição deste ano do EDP Live Bands, competição criada para descobrir novos talentos entre bandas amadoras.
Até então nunca tinham atuado juntas, produziram à distância as músicas "Cycles" e "Colours", com Mariana ainda em Londres, onde se licenciou em Commercial Music Performance na Universidade de Westminster, e Margarida em Lisboa.
Para despir a pele de Mariana Prista e vestir a de Y.Azz, a vocalista de 24 anos já tinha tudo pronto. Escolheu a roupa que queria usar em palco há um mês. Até conseguiu acordar mais tarde do que desejaria e ainda assim chegar a horas à carrinha que a levaria para o recinto do festival.
Já Margarida Adão precisou de dar uns retoques de última hora ao outfit do seu alter ego, B-Mywingz. Só comprara a roupa na véspera e ainda teve de arranjar um top para usar sob a camisa garrida, calções a condizer. Acordou cedo e ainda teve tempo para ir à cabeleireira entrançar o cabelo.
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Pouco experientes nos mundos da fama, não ter de conduzir e chegar ao palco com tudo montado já foi "tratamento VIP". O mesmo se diz de ter no camarim ar condicionado num dia em que a temperatura chegou aos 38 graus.
No backstage não houve exigências de estrela, só um pedido, para a vocalista: comida vegan. Mas não houve estômago para comer antes do concerto. Mariana almoçou um croquete, Margarida um pêssego.
É aqui, no espaço de lazer exclusivo para artistas, que se afinam as cordas de uma guitarra invisível, se fuma o último cigarro, e mais um depois desse.
Ao pisar o palco, a primeira coisa que Mariana viu foi os amigos, na fila da frente. "Estava muito mais gente dos que estávamos à espera", conta.
Margarida teve menos confiança em olhar para a plateia bem composta. "Quando olhei para o público vi uma mancha e fui olhando sorrateiramente".
O rosto tatuado na perna esquerda de Margarida destaca-se na multidão. Dulce está na primeira fila a apoiar a filha, "sempre de coração aos pulos".
"Foi muito bom ver a minha filha ali no palco, até caiu uma lagrimazinha. Ela é uma lutadora, foi uma felicidade."
Muitos não conheciam a música de Y.Azz x B-Mywingz, mas poucos foram os que não dançaram ao seu ritmo, num mover de corpo oscilante e leve.
O que passa pela cabeça de um artista em palco? "Tanta coisa" passou pela de Margarida. "É muita coisa e no final não é nada, tentas só fazer a tua parte, fazer o trabalho corretamente."
Mariana só pensava "não faças merda". Confessa que acabou por se esquecer de uma pequena parte da letra - mas garantidamente ninguém notou. E também a guitarra deu "um ou dois pregos".
Ultrapassado o impacto inicial, Mariana e Margarida cumpriram a tarefa simples que se propuseram fazer - mostrar a sua música aos outros "Depois descontraímos um bocadinho, ficamos mais relaxadas, e foi incrível." Melhor ainda do que os muitos concertos até aqui apenas imaginados.
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Por ter vencido o EDP Live Bands, a dupla Y.Azz x B-Mywingz vai atuar no Mad Cool Festival, em Madrid, Espanha, gravar um álbum de originais e ainda um videoclip. "Madrid vai ser mais fácil", dizem. "Já há menos pressão porque não é em casa."
Antes disso ainda as espera uma viagem de seis horas. Mal terminaram o concerto e já têm de se fazer à estrada. Vida de artista.
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