
D.R.
Casou aos 24 anos e entrou na universidade aos... 77. Aos 85, doutorado, promete continuar a vida académica. Apaixonado pelas letras, quer arranjar emprego e mudar o nome da Universidade dos Açores.
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Depois de ter concluído o doutoramento aos 85 anos, Brasilino Godinho quer arranjar emprego. O doutoramento em Estudos Culturais foi concluído no passado dia 5 de julho e investigou Antero de Quental. Depois da defesa de tese, o agora doutor Brasilino Godinho lançou uma proposta: dar o nome de Antero de Quental à Universidade dos Açores. A proposta já seguiu para o governo regional dos Açores e para a Assembleia da República. Agora, enquanto ainda há tempo, aos 85 anos, segue para um pós-doutoramento.
Chega à reitoria da Universidade de Aveiro com passo enérgico, retira a boina e apresenta-se: Brasilino Godinho ao seu dispor.
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Entrou na licenciatura de Línguas, Literaturas e Culturas aos 77 anos. Concluiu o doutoramento aos 85. "Reporta ao tempo de adolescência quando pretendi ir para a universidade".
E, agora, concluído o doutoramento, há uma vontade forte. Depois de uma vida de trabalho como topógrafo, quer, de novo, arranjar emprego: "a prioridade é arranjar emprego. Não faria sentido que um indivíduo com a experiência como eu, e com a valorização de oito anos académicos, que tudo isto não fosse aproveitado".
Não vai parar e, com ou sem emprego, segue-se o pós-doutoramento. Brasilino Godinho tem agora um desejo, e para concretizá-lo fez uma proposta: "a ideia é que seja dada a designação de Universidade Antero de Quental à Universidade dos Açores".
Desde o dia 5 de julho que a agenda se preencheu de forma diferente, chegam pedidos de entrevistas de aquém e além-mar. "Ainda há pouco recebi um pedido de entrevista de um jornal de São Paulo", assegura.
Brasilino Godinho viveu uma vida para uma profissão técnica, que lhe dava o ganha-pão... mas o sonho esteve sempre nas letras. Ao longo da vida foi partilhando a profissão de topógrafo com a de colunista em jornais como o Diário de Aveiro ou o ABC, de Montreal, no Canadá.
Casou aos 24 anos e o sonho de licenciar-se nunca teve espaço ao longo da vida. Antes, formou os dois filhos em Engenharia Civil. Só depois, aos 77 anos, entrou na universidade, para a qual a empresa de que era proprietário projetou o sistema de águas. Com o doutoramento na mão, quer agora voltar a procurar emprego.