"Duzentos euros parece-me pouco." Sindicatos da polícia sem grandes expectativas para reunião com Governo
É a sexta ronda negocial a tratar do complemento de risco semelhante ao atribuído à Polícia Judiciária
Corpo do artigo
O subsídio de risco da GNR e PSP pode subir de 100 para 300 euros. São mais 200 euros, um valor somado aos 100 da componente fixa anual dos subsídios de risco, avança esta terça-feira o Diário de Notícias, que cita fonte governamental no dia em que a ministra da Administração Interna recebe os sindicatos e associações do setor.
O mesmo jornal explica que a ministra da Administração Interna está próxima de conseguir o aval do Ministério das Finanças, mas os 200 euros não chegam para convencer os sindicatos, como explica Armando Pereira do Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL).
"Duzentos euros parece-me pouco, é praticamente um terço daquilo que foi dado aos nossos colegas da Polícia Judiciária, fica muito aquém. Um dia depois de termos ouvido o Governo anunciar que a Polícia de Segurança Pública vai ter mais uma nova missão, mais uma nova responsabilidade com o mesmo número de efetivos e já nos dias de hoje, sem essa nova missão, lutamos com muitas dificuldades relativamente a direito a descanso na PSP em que, devido à evidente falta de efetivos, por vezes já não temos pessoal suficiente para garantir o serviço na permanência que teríamos de ter caso as pessoas estivessem de folga. Muitas vezes estamos a trabalhar com o sacrifício das próprias folgas dos polícias", defendeu à CNN Portugal Armando Pereira.
No total, caso se venha a confirmar a proposta de 200 euros, o impacto orçamental ronda os 123 milhões de euros. O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, Paulo Santos, também não tem muita esperança num possível acordo com a ministra da Administração Interna. À TSF afirma que o aumento do subsídio é totalmente justo, até porque o Governo tem aumentado o número de missões para a PSP.
"Da parte da ASPP, as expectativas não são altas, mas também não são baixas. Estamos no processo deste suplemento como encaramos muitos outros processos que temos colocado em cima da mesa nos últimos anos. Temos bem a noção daquilo que defendemos, achamos ter a razão do nosso lado e legitimidade para exigir um suplemento num valor que esteja enquadrado com aquilo que são as nossas especificidades. Falo ao nível da penosidade, insalubridade, risco, exigência da nossa missão e responsabilidades. Ainda ontem o Governo avançou para mais um plano de migrações e continua a acrescentar mais valências, mais funções e responsabilidade à PSP sem que haja recursos e a valorização salarial com essas novas atribuições", sublinhou Paulo Santos.
O responsável coloca em cima da mesa das negociações a proposta de um suplemento que ronda os 600 euros.
"Na reunião com a ministra vamos defender a nossa posição, que é a posição da plataforma, ou seja, o aumento de um valor que consideramos ser um suplemento de condição policial justo e temos abertura para deixar que o Governo possa atingir esse valor, na casa dos 600 euros, de uma forma faseada, tudo aquilo que o Governo possa ter como facilitador para aplicar aquilo que são os valores que pretendemos", antecipou o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia.
O presidente da ASPP lembra que os baixos salários são um dos fatores que leva à falta de atratividade da profissão.
"Neste momento estamos centrados na atribuição de um suplemento de condição policial e não queremos desconfigurar este nosso trabalho, mas sabemos bem, de base, que o problema reside na falta de atratividade da instituição e essa falta de atratividade coloca-se porque não há condições salariais nem de trabalho que garantam alguma abertura para que um jovem queira pertencer à PSP. Colocando a questão nesses termos percebemos que os salários são baixos e andamos a dizer isso há muito tempo. Nos últimos três anos a ASPP entregou, por três vezes, propostas de alteração à tabela remuneratória. Agora não vamos é desvirtuar este momento, mas obviamente que esta questão coloca-se exatamente pelo facto de nos últimos anos os governos não terem tido a sensibilidade de melhorar os salários", acrescentou.