A TSF falou com um vereador que quer que o Conselho Municipal de Segurança se reúna. A PSP de Setúbal remete mais esclarecimentos para esta quarta-feira.
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A imprensa regional dá o tom, fala no "Monstro do Barreiro". Ninguém se inibe de apontar o "culpado", com nome, idade, fotografias e até referências ao local de morada. Todos concordam também que é um doente mental.
O caso foi andando em surdina até que jovens agredidas, familiares e amigos se juntaram numa associação. Levaram protestos à porta do Tribunal do Barreiro e testemunhos de raparigas à Câmara Municipal. Um vereador quer reunir o Conselho de Segurança Municipal.
Há anos que há queixas, "haverá umas 50 queixas apresentadas na polícia, ao longo de 15 anos, mas achamos que as mulheres agredidas são pelo menos o dobro", garante à TSF Paula da Costa. Faz parte do movimento cívico Ação Contra a Violência de Género - Barreiro. O grupo decidiu que é tempo de acabar com o silêncio.
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"Até agora, as mulheres achavam que não valia a pena apresentar queixa. Os processos eram encerrados ou não davam em nada", Paula da Costa explica que isso mudou. Porquê? "A visibilidade pública."
O passo decisivo foi dado com uma manifestação às portas do Tribunal do Barreiro, no início de outubro. O seguinte foi a última reunião da Assembleia Municipal. Houve lágrimas e estupefação. As reuniões são transmitidas em direto pela internet e gravadas.
As jovens identificam o suspeito, um homem com esquizofrenia que cumpre mais um de vários internamentos compulsivos no Hospital do Barreiro.
Casos recentes pedem tomada de posição
Duas raparigas de 18 e 19 anos decidiram dar a cara, identificam-se e contam como foram agredidas pelo mesmo homem. Identificam o suspeito, um homem com esquizofrenia que cumpre mais um de vários internamentos compulsivos no Hospital do Barreiro.
Uma das raparigas conta que foi seguida do Barreiro até ao Chiado, em Lisboa, e que foi esmurrada no rosto na entrada de um prédio. A polícia foi chamada, mas como não houve flagrante delito o "homem foi em liberdade". Outra conta, entre soluços, que o trauma é pior que as marcas físicas. Deixou o trabalho e tem medo de sair de casa. Ambas perguntam: "O que é preciso acontecer? Há pais, namorados, avós que não hesitariam em fazer justiça..."
Foram estes relatos que levaram o vereador Bruno Vitorino a avançar e pedir uma reunião do Conselho Municipal de Segurança. "Quero crer que ninguém tinha feito a ligação entre todos os casos, como nós fizemos agora, e chegado à conclusão de que o agressor é a mesma pessoa. Não sei qual pode ser a solução. Não sei quem falhou. Sei que não podemos achar que isto é normal."
O comando da PSP de Setúbal remete mais esclarecimentos para esta quarta-feira. À Lusa, uma fonte refere que há dezenas de queixas desde que há registo informático, desde 2012, e alega que o suspeito é internado compulsivamente, "mas acaba sempre por ter alta médica".