E agora? O que fazer aos miúdos fechados em casa, sem aulas, durante 15 dias?
Presidente do Conselho Nacional de Educação defende que escolas devem dar tarefas aos alunos para que não fiquem agarrados a um qualquer ecrã. Ouça as propostas de um especialista.
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De repente, os alunos de todos os graus de ensino - desde as creches, passando pela escolaridade obrigatória do 1º ao 12º ano e acabando no ensino superior - vão ter a partir desta sexta-feira um período de 15 dias de férias, fechados em casa e sem se poderem encontrar com amigos ou colegas.
Aquilo que em circunstâncias normais seria bom - férias - pode ser um problema em que pouco mais pode restar aos miúdos do que se agarrarem ao computador, às redes sociais, ao telemóvel, ao computador ou à televisão.
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A presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE; um órgão independente de aconselhamento do Estado escolhido pelo Parlamento), Maria Emília Brederode Santos, admite, em declarações à TSF, que esta suspensão das aulas, sem qualquer tarefa atribuída aos alunos, vai ser um problema.
"Eu percebo que seja uma pausa letiva, mas a verdade é que vão ficar 15 dias sem nada organizado e tenho pena que não seja possível ter um dia para as escolas organizarem com os alunos algumas atividades... Deveria ser possível os professores proporem alguma atividade aos alunos como [por exemplo] escrever um diário, ler um livro e depois fazer um resumo...", detalha a especialista em pedagogia , "mesmo que se deixe essa atividade ao critério e gosto dos próprios alunos".
Assim, sem nada programado, alguma obrigação, pouco mais resta do que ficarem agarrados a um qualquer ecrã, o que a deixa a presidente da CNE "um bocadinho preocupada" - assim, "à solta", os alunos "não vão fazer mais nada se não ver televisão, estar nas redes sociais ou fazer jogos, o que não é terrível mas é muito empobrecedor".
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Renato Paiva, especialista em pedagogia, também refere que seria bom que as escolas dessem tarefas aos alunos para os próximos 15 dias.
"Não houve tempo de preparação para uma transição suavizada para dar tarefas e orientações aos alunos com orientações que de alguma forma ajudem a compensar o afastamento da escola", explica o diretor da Clínica da Educação que diz que essas tarefas deveriam ter, naturalmente, características diferentes conforme os ciclos de estudo.
"Não defendo fichas e mais fichas de trabalho de casa, mas algumas atividades complementares ao que já foi dado nas aulas, para envolver os alunos em alguma função escolar, para que não tenham uma ocupação totalmente livre do tempo", refere Renato Paiva.
Assim, como está previsto, para além do telemóvel, televisão, computador..., o pedagogo admite que as crianças e adolescentes não vão ter muito mais para fazer, algo que "preocupa muito" pois há um excesso de ecrãs e todo o tipo de atividades associadas que nem sempre são benéficas para a saúde - nomeadamente ocular - e isolamento dos miúdos.
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