Sociedade Portuguesa de Pneumologia acredita que a mortalidade associada à doença podia ser muito menor se o país apostasse mais neste medicamento. DGS revela que em Portugal há quase dez mil unidades de Paxlovid.
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Portugal já não é o país europeu com maior mortalidade por Covid-19 por cada milhão de habitantes, mas era-o na semana passada e os números continuam elevados. Uma realidade que a Sociedade Portuguesa de Pneumologia considera que poderia ser diferente caso o país apostasse mais na prescrição de medicamentos antivirais como o Paxlovid, que já se sabe ter bons resultados nos casos mais graves.
A Direção-Geral da Saúde já aprovou uma norma para o uso e até à semana passada esse fármaco só tinha sido prescrito uma vez em Portugal, mas os dados mais recentes da autoridade de saúde, enviados à TSF, dão conta de 26 tratamentos desde o início de junho. António Morais, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, diz que noutros países a realidade é bem diferente.
"Não só essas normas já foram um pouco tardias comparativamente com aquilo que observámos noutros países como continuamos a ter um grau de prescrição muito restrita também comparativamente com muitos dos países europeus, onde estes medicamentos são distribuídos mesmo em farmácia comunitária, obviamente sob prescrição médica. A comparação é quase de uma prescrição regular para uma não existência de prescrição. Isso é algo que nos preocupa", explicou à TSF António Morais.
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Quanto à eficácia do Paxlovid e outros antivirais, ninguém tem dúvidas, principalmente nos casos mais graves de Covid-19. E o presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia incentiva os médicos a passarem mais receitas destes medicamentos, mas também reconhece que é preciso aumentar o stock disponível.
"Demonstraram efetivamente que em determinados grupos de doentes havia uma redução da mortalidade com a sua aplicação, nomeadamente em doentes mais graves, com comorbilidades e imunodeficiência. Portanto, era muito importante que isso fosse aplicado em Portugal da forma como está descrito nas normas internacionais", indica.
"Existe alguma restrição de acesso, mas também uma falta de sensibilização e conhecimento por parte dos prescritores. O médico deve pensar mais vezes nessa possibilidade quanto tem um doente que pode beneficiar dessa medicação, que são aqueles que têm uma condição ou doença mais grave", acrescentou o presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.
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A DGS explicou que, independentemente do "estado vacinal" dos doentes, é recomendada "a terapêutica com antivirais orais para as pessoas com maior risco de evolução para Covid-19 grave". Quanto ao stock disponível, a autoridade de saúde garantiu que, em território nacional, há quase dez mil unidades de Paxlovid.
Os números mais recentes põem Portugal no terceiro lugar de países da União Europeia com maior mortalidade por Covid-19 por cada milhão de habitantes.