Ministra da Saúde nega que existam "entidades do SNS a passar credenciais a entidades não-convencionais", mas admite que é necessária mais fiscalização.
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A ministra da Saúde admitiu que o caso do bebé que nasceu em Setúbal com malformações graves - sem nariz, sem olhos e sem parte do crânio - é uma "situação altamente preocupante, que tem merecido do Ministério um acompanhamento rigoroso".
A situação está sob investigação e pode mesmo "vir a merecer outras medidas que estão a ser ponderadas", disse Marta Temido à margem de uma cerimónia no Centro Hospitalar do Barreiro-Montijo.
Neste caso, como noutros divulgados recentemente está sempre em causa um erro humano, nota. "Vale a pena sublinhar que, pese embora se perceba que há um conjunto de entidades com responsabilidades de regulação, de inspeção e fiscalização dos contratos que se realizam com terceiros, há aqui um denominador comum que é a prática médica."
"A Ordem dos Médicos está a desenvolver todas as diligências para que circunstâncias desta tipologia não tornem a verificar-se."
A ministra da Saúde assume, por outro lado, que também necessário investir na fiscalização de entidades de saúde que colaborem com o Estado.
A clínica em Setúbal que realizou ecografias à mãe do bebé não seria fiscalizada há oito anos e segundo o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), Luís Pisco, aceitou uma credencial passada pelo Serviço Nacional de Saúde apesar de não ter qualquer protocolo com o Estado.
Marta Temido indica que ainda não há conclusões deste inquérito da ARS, apesar de ter sido pedida a "maior celeridade", mas nega que existam "entidades do Serviço Nacional de Saúde a passar credenciais a entidades não-convencionais".
O essencial, lembra, é que "quem celebra um contrato com uma entidade terceira tem que ter cuidados no acompanhamento desse contrato." Isto aplica-se a Parcerias Público Privadas, acordos de cooperação, entre outras.
"Eventualmente poder-se-ia questionar se não deveríamos ter processos de recertificação de competências, por exemplo."