"É causado stress aos animais." PAN vai questionar Câmara de Lisboa, DGAV e ISA sobre "vacada"
Inês Sousa Real defende que este evento é "manifestamente incoerente e incompatível com aquilo que se quer de uma boa aposta na formação e de bons profissionais para o futuro".
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O PAN vai questionar a Câmara Municipal de Lisboa, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), e ainda o Instituto Superior de Agronomia (ISA), sobre as chamadas "vacadas" que se vão realizar nesta faculdade.
Em causa, está a iniciativa da associação de estudantes, que pretende acolher os caloiros com a largada de um touro.
O polémico evento não se realizou no final do ano letivo passado, depois do Bloco de Esquerda e o Provedor do Animal de Lisboa terem questionado a iniciativa.
Está de novo agendado, desta vez para a próxima semana, e a associação de estudantes garante que está a tratar de todas as licenças necessárias com a DGAV. A porta-voz do PAN não quer pensar na hipótese de ser dada luz verde às vacadas. Inês de Sousa Real quer que seja seguido o exemplo da Universidade de Coimbra que já acabou com este tipo de eventos.
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"Neste tipo de eventos é sempre causado stress aos animais, até por aquilo que é a perseguição que é feita aos animais e achamos que à semelhança daquilo que aconteceu noutras festividades - e recordo a Universidade de Coimbra em que os estudantes acabaram e deixaram de parte este tipo de festejos em que envolviam também as largadas ou as vacadas - envolvendo qualquer tipo de atividade com animais, é um imperativo ético do século XXI, divertirmo-nos, mas sem ser à custa do sofrimento animal ou do que possa ser retirá-los do seu habitat natural", defende a deputada, em declarações à TSF.
Inês Sousa Real lamenta, ainda, que a provedora do animal, Laurentina Maria Rilhas Pedroso, não tenha assumido uma "posição institucional" em relação ao assunto, realçando que os animais "precisam" de alguém "que represente os seus interesses" e defende que não se "coaduna" estar a realizar, "em pelo século XXI", este tipo de "atividades do ponto de vista académico ou estudantil".
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"Não podemos deixar de repudiar que a provedora nacional dos animais não tenha tido uma posição institucional. Porque os portugueses não querem ouvir da provedora uma posição pessoal. Querem ouvir uma posição institucional colocada ao lado dos animais, porque a missão que tem é defender os animais e não vir dar opiniões pessoais", conclui.
O presidente do ISA garantiu esta quinta-feira à TSF que as preocupações com o bem-estar animal estão asseguradas e que vão ser utilizadas vacas bravas habituadas a participar em eventos do género.
Ainda assim, para o PAN, este evento não faz qualquer sentido e o partido quer encontrar-se com os dirigentes desta faculdade. Inês Sousa Real espera que haja bom senso e que a associação de estudantes cancele a vacada antes do parecer da DGAV.
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"Não compreendemos como é que o Instituto Superior de Agronomia - ainda para mais onde se está a ensinar precisamente aos jovens estudantes aquilo que é o comportamento natural dos animais - está a incentivar este tipo de práticas e a normalizar estas práticas, porque não é de facto um ambiente normal para este tipo de animais", afirma, sublinhando ainda que esta já não é a primeira vez que o instituto se vê "envolvido em polémicas relacionadas com o bem-estar animal".
"Eu recordo que do ponto de vista de preservação de algumas espécies que o instituto tem a seu cargo, nomeadamente no caso dos burros e a preservação dos burros, já uma vez o PAN teve a oportunidade de reunir com o instituto para que se garantisse a manutenção desta espécie no local e os cuidados que eram prestados aos mesmos", conta.
A deputada considera que tende em conta "aquilo que é a sua vocação científica e aquilo que é a preparação para futuros profissionais", o evento que se realizará no ISA é "manifestamente incoerente e incompatível com aquilo que se quer de uma boa aposta na formação e de bons profissionais para o futuro".