"É como se fosse uma pandemia por ano." Poluição do ar responsável por cerca de seis mil mortes anuais em Portugal
Qualidade no ar é boa em Portugal, com exceção de três cidades: Lisboa, Porto e Braga.
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O presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) garante que a qualidade do ar em Portugal é geralmente boa. O grande problema está localizado nos grandes centros urbanos, como Lisboa, Porto e Braga.
Graças aos "últimos 20/25 anos de despoluição da indústria e do parque automóvel, em geral a qualidade do ar em Portugal é boa", aponta Nuno Lacasta em declarações à TSF. "Ainda assim, há fenómenos que levantam alguma preocupação."
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No Dia Nacional do Ar, que se assinala esta quarta-feira, Nuno Lacasta alerta que a má qualidade é ainda responsável por milhares de mortes na Europa, incluindo em Portugal.
"Todos os anos na União Europeia está estimado que cerca de 400.000 pessoas faleceram prematuramente em resultado de doenças respiratórias induzidas por fraca qualidade do ar em algumas localizações. Esse número está estimado em cerca de 6000 pessoas em Portugal, isto é, um número cerca de 10 vezes superior ao número de vítimas por acidentes rodoviários."
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Em cidades como Lisboa, Porto e Braga há "incumprimento" dos níveis de qualidade do ar, alerta Nuno Lacasta. "Hoje em dia, com a monitorização, sabemos exatamente os problemas maiores que ainda ocorrem" e estas cidades superam os níveis legais anuais de dióxido de azoto.
O presidente da APA aponta que a descarbonização da frota automóvel é uma das medidas mais importantes para melhorar a qualidade do ar em Portugal.
"A medida mais importante, e mais simples ao mesmo tempo, para melhorar a qualidade do ar nas cidades, que é onde ainda existem situações com alguma preocupação, é a de acelerar rapidamente a descarbonização da frota automóvel e transportes públicos", defende.
O presidente da APA refere que a Europa perdeu em relação a outros mercados, mas começa agora começa a dar sinais de adaptação no setor automóvel.
"Apesar de existir muita eficiência tecnológica, porque os veículos são hoje, menos poluentes, o que tem acontecido é que o bem-estar que temos vivido nas sociedades ocidentais significa que temos hoje mais carros por agregado familiar e percorremos mais distâncias e a consequência disso é mais emissões."
"O desafio passa, obviamente, pela eletrificação da frota automóvel", considera Nuno Lacasta, aplaudindo o compromisso para proibir a comercialização na União Europeia de novos automóveis ligeiros de passageiros e comerciais exclusivamente movidos a combustíveis fósseis a partir de 2035.