"É desesperante a situação de um autarca que vê a população sofrer." Monchique com apenas um médico
Monchique tem nesta altura apenas um médico, quando devia ter quatro no centro de saúde.
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À hora em que o ministro da Saúde visitou o Centro de Saúde de Monchique não havia ninguém à porta, mas é habitual ver pessoas de madrugada a procurarem ter uma consulta. "É uma situação critica", lamenta o presidente da câmara. "Monchique é o concelho algarvio com maiores dificuldades", admitiu também Manuel Pizarro à chegada.
Monchique foi o primeiro local onde o ministro da Saúde começou o programa "Saúde Aberta", que o vai levar, bem como aos secretários de Estado do seu ministério, a todos os concelhos do Algarve. O Algarve não está inserido na lista das regiões com discriminação positiva, "que dizem respeito aos hospitais de interioridade". No entanto," haverá outros programas para os médicos de família em várias zonas do país e também nesta zona do Algarve", garante Manuel Pizarro.
O ministro da Saúde adverte, no entanto, que "as soluções não vão aparecer amanhã de manhã". "Não é a presença do ministro que resolve a situação de imediato, senão eu fazia já um périplo por todos os sítios em que há dificuldades", afirma.
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No final da visita, o autarca de Monchique afirmou que "há pessoas que vêm para aqui para ter uma consulta às 4 horas da manha", mas disse ter recebido de Manuel Pizarro a garantia de que a situação vai mudar durante este ano. Como - se por contratação de empresas externas ou outra medida avulsa -, o ministro não revelou.
"O que transmiti ao senhor ministro é que é desesperante para um autarca ver a população sofrer por uma necessidade básica", explicou Paulo Alves.
Dos quatro médicos que o quadro do Centro de Saúde de Monchique devia ter ao serviço, há só três. Um reformou-se e outro está de baixa médica. Juan Ernesto Loy, médico cubano, é o único que se encontra neste centro a atender 5.700 doentes.
"Tenho visto doentes com 92, 93 e 94 anos que têm que se deslocar de longe e é mesmo difícil para eles", lamenta o clínico, dando conta da população envelhecida que assiste diariamente.
Este médico espera entrar para os quadros em breve, mas enquanto isso não acontece encontra-se a recibos verdes há cinco anos.
A Câmara Municipal de Monchique já colocou à discussão um projeto para fixar médicos que passa, entre outros benefícios, por lhes paga casa no concelho.