"É inadmissível." Cáritas lamenta que pobreza não seja tema de debate entre líderes partidários
A presidente da Cáritas admite que a pobreza não seja um tema atraente para a campanha.
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A pobreza é um dos assuntos que tem estado afastado da discussão e dos debates entre os líderes partidários a caminho das legislativas e a presidente da Cáritas, Rita Valadas, lamenta que assim seja.
“Vejo com muita tristeza porque é uma das principais dificuldades que nós vivemos socialmente em Portugal e, portanto, realmente não se falar sobre isso e, sobretudo, não se falar sobre caminhos e hipótese de soluções, preocupações, acho triste. Estou um bocadinho afastada da preparação desta campanha, mas nem sequer compreendo. Diria que é inadmissível”, admitiu à TSF Rita Valadas.
A presidente da Cáritas admite que a pobreza não seja um tema atraente para a campanha.
"Ninguém tem dúvidas de que isto é uma prioridade absoluta. Sabem que não há contraditório, portanto não vale a pena discutir. Talvez não seja suficientemente bonito ou interessante do ponto de vista da discussão partidária, mas não faço ideia. Digamos que é uma certa inconsciência. Os pobres não dão votos, não é? Portanto a discussão dos problemas da pobreza pode não ser muito interessante, não faço ideia, mas quero acreditar que têm noção de que é um problema muito complexo e que não se têm encontrado respostas. Por isso não há tema para pôr em cima da mesa, mas espero e acredito que isso não quer dizer que as pessoas não reconheçam a importância de abordar este tema na ação", acredita a presidente da Cáritas.
Rita Valadas pede ao próximo Governo que faça da pobreza uma bandeira.
"Quem ganhar tem que levar a sério, olhar e apostar em soluções para o problema da pobreza e deve fazer disto bandeira, deve fazer disso bandeira em todas as áreas governamentais, porque o problema da pobreza não é um problema da Segurança Social. O problema da pobreza tem interfaces na saúde, na cultura, na educação, na habitação e, portanto, deveria convocar todas as áreas governamentais. É isso que eu diria a quem ganhar as eleições, é que tem que ser uma bandeira e uma bandeira fundamental em todas as áreas do Governo", sublinhou.