"É muito pouco para o que é necessário." Ordem dos Médicos defende que Governo deve ir mais longe na meta de reduzir urgências
O bastonário reconhece que a falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde contribui para a elevada afluência nas urgências
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O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, considera que o Governo devia ir mais longe na meta de reduzir o número de urgências nos hospitais em quase 500 mil até 2026. Para o responsável, esta meta é pouco ambiciosa tendo em conta o que seria necessário.
"É muito pouco para aquilo que é necessário. Nós sabemos que Portugal tem muitos episódios de urgência, é o país da OCDE com mais episódios de urgência e sabemos que desses seis milhões de episódios de serviço de urgência, no mínimo metade não se deveria ter dirigido à urgência, mas é muito pouco. Fazendo as contas e tomando aqui como exemplo um hospital distrital que terá à volta de 200 episódios de urgência, significará que esse hospital vai ter que diminuir somente em 15 episódios de urgência e por isso é que eu digo que é muito pouco. Temos que ser muito mais ambiciosos", defende à TSF Carlos Cortes.
O bastonário reconhece que a falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde contribui para a elevada afluência nas urgências.
"Nós temos 1 500 000 portugueses sem médico de família, mas isso significa que temos 8 500 000 portugueses com médico de família e nós também sabemos que muitos desses utentes muitas vezes dirigem-se diretamente à urgência sem fazer o contato prévio para a linha SNS24, sem contactarem o seu médico de família e, portanto, o Governo tem que ter a coragem de encontrar, de desenhar, de implementar mecanismos que impeçam estes casos de ir à urgência por um motivo muito simples", explicou o bastonário da Ordem dos Médicos.
A solução, segundo Carlos Cortes, passa por investir na "literacia em saúde".
"Aquilo que tem que ser feito, no meu ponto de vista, é em primeiro lugar, e fala-se muito nisso mas nunca se faz, é um programa forte de literacia em saúde para as pessoas perceberem quando é que têm ou não que utilizar o serviço de urgência e depois há aqui medidas, mas há uma que me parece muito importante, que é criar mecanismos para que a urgência seja utilizada de forma adequada", acrescentou.
