Várias personalidades da ala direita que não concordam com as ideias do partido de André Ventura assinaram um texto a condenar o extremismo.
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Nomes de relevo do PSD, como Miguel Poiares Maduro e José Eduardo Martins, não acreditam na "moderação" do Chega. A expressão utilizada por Rui Rio, como condição para um eventual acordo nacional entre o PSD e o partido de André Ventura, não faz sentido para estes social-democratas.
Ouvido esta manhã no Fórum TSF, o ex-ministro Poiares Maduro defendeu que, no caso de Chega, falar de moderação só pode ser possível se estivermos a falar de outro partido.
"Se o partido deixar de ser aquilo que é, se a identidade política for diferente, é um partido diferente. Essa questão não se coloca nesses termos. Para mim, o Chega é o que é hoje - e o que é hoje torna incompatível qualquer acordo do PSD com o Chega", declara.
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Miguel Poiares Maduro é um dos subscritores do texto "A clareza que defendemos", divulgado esta terça-feira no jornal Público.
Sem citar o Chega, o documento, subscrito por várias personalidades ligadas ao PSD, chama a atenção para a cooperação de partidos democráticos com partidos populistas, xenófobos e autocráticos.
Questionado, no Fórum TSF, sobre o acordo assinado entre o PSD e o partido de André Ventura nos Açores, Miguel Poiares Maduro considera que se trata de um erro.
"Compreendo a necessidade do PSD nacional respeitar a autonomia regional, desde que o conteúdo desse acordo não viole princípios do PSD, mas discordo dele. Discordo claramente dele e acho que é um erro que o PSD regional tenha feito esse acordo", afirma Poiares Maduro.
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Também José Eduardo Martins, deputado e ex-secretário de Estado social-democrata, considera que o acordo nos Açores foi uma falha de estratégia.
"Custa-me dar um bocadinho de razão a[o socialista] Vasco Cordeiro, quando diz que isto devia ter passado, antes de mais, pela Assembleia Legislativa regional - porque, se isso tivesse acontecido, o PSD escusava de ter inaugurado este caminho do qual é muito difícil de regressar", repara José Eduardo Martins.
"Os valores pelos quais o Chega ganhou notoriedade - e pelos quais ganhou vantagem sobre o CDS, que é o nosso parceiro democrático tradicional à direita - são estribados nas ideias mais repugnantes. Isso tem um dano de imagem de que é muito difícil de recuperar", avisa.
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Para José Eduardo Martins, a democracia não pode recorrer ao pior que existe na sociedade.
"Temos muitos problemas com a governação do Partido Socialista? Com certeza que temos, mas a resposta do espaço não-socialista não pode ser andar para trás no tempo e procurar tirar vantagem do que de pior e mais divisionista existe na sociedade, como a xenofobia e o desrespeito pelas minorias. O PSD tem uma história de respeito pelas pessoas, pelas regras democráticas, pela convivência com uma democracia liberal", aponta.
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*com Manuel Acácio