"É preciso controlar o vírus ou há um preço a pagar." DGS diz que é cedo para pôr fim a restrições
Especialistas de Saúde assinaram carta onde pedem o fim das medidas restritivas, alegando que estas não têm impacto sobre o crescimento das infeções. A diretora-geral da Saúde responde, no Fórum TSF, que é preciso baixar a incidência primeiro.
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A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, considera que ainda é cedo para levantar restrições. Em resposta à carta subscrita por várias personalidades da Saúde, a defender que as medidas extraordinárias de confinamento já não se justificam, Graça Freitas afirma que o vírus ainda é novo e que, antes de aliviar medidas, é preciso controlá-lo.
"Isto é um desafio enorme. Temos de ter a humildade de perceber que as coisas não são perfeitas, que o que todos queremos é liberdade e espontaneidade nas nossas vidas, mas que é um percurso que ainda está a ser feito", declarou a diretora-geral da Saúde, no Fórum TSF.
Médicos, professores catedráticos de saúde e a bastonária dos farmacêuticos propõem novas abordagens de combate à pandemia e defendem que as medidas extraordinárias de confinamento "já demonstraram não ter impacto", evocando a "reconquista do direito a viver". A posição foi estabelecida numa carta divulgada publicamente, esta sexta-feira.
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A diretora-geral da Saúde espera que, "por via do contacto com o vírus ou pela vacina", o coronavírus se torne endémico (residente habitual, à semelhança de outros vírus), mas sublinha que é preciso que seja "com baixa incidência, ou seja, controlado". "Se ele for endémico com alta incidência, vamos continuar a ter um alto preço a pagar em termos de saúde", alertou, no Fórum TSF.
Na visão de Graça Freiras, não se pode permitir que os novos casos cresçam descontroladamente, porque os riscos associados são muito elevados.
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"Quanto mais casos da doença houver, mais pressão há nestes dois sentidos: aparecem novas variantes e as variantes que aparecem escapam ao nosso sistema imunitário, quer ao daquelas pessoas que tiveram a doença e têm imunidade natural, mas, sobretudo, ao daquelas pessoas que têm imunidade pela vacina", explica, justificando a necessidade de contenção do número de novos casos - que também não é alheia aos "efeitos sobre os serviços de saúde, sobre a doença propriamente dita e a sua gravidade e sobre a letalidade".
A responsável da autoridade saúde frisa que "não há uma receita infalível em país nenhum do mundo" para responder à pandemia. "O que nós sabemos é que a diminuição do contágio se faz pela diminuição da exposição aerossol e as medidas são tomadas no sentido de que haja menos interação entre as pessoas, menos proximidade e menos exposição potencial a aerossóis contaminados com vírus."
Já sobre as críticas de a vigilância epidemiológica no país foi malsucedida, Graça Freitas responde que não admite tais reparos: "Não posso aceitar que a vigilância epidemiológica neste país tenha sido um insucesso - as pessoas não podem dizer isso! Se não tivesse havido este trabalho, então é que teríamos tido impactos terríveis!".
Em relação ao processo de vacinação em curso, Graça Freitas assegura que tudo está a correr bem - e que, tendo em conta o número de vacinas disponível, melhor seria impossível.
"É difícil, para não dizer impossível, fazer melhor. Se nós não estamos a vacinar mais é porque o fornecimento de vacinas não é ainda o máximo que gostaríamos de ter", atira.
"Com as vacinas que temos - é indesmentível -, Portugal é um dos melhores países do mundo em termos de vacinação Covid, e que isso fique claro", garante a diretora-geral da Saúde.
Graça Freitas refere que esse impacto da vacinação já se nota na mais recente onda de infeções, mas que ainda não se pode baixar os braços.
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