Mário Soares é o dinamizador duma iniciativa que junta esta noite elementos de toda a Esquerda a discutir como "Libertar Portugal da austeridade".
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Entrevistado pela TSF, o antigo Presidente da República diz que Cavaco Silva tem que «deixar de considerar que o Governo é legítimo». Para Soares, o Executivo de Pedro Passos Coelho está a «destruir a Democracia» e já não tem apoio de ninguém: nem do povo nem dos banqueiros.
Mário Soares defende que para libertar Portugal da austeridade é preciso que o Governo caia.
«Se o Presidente deixar de considerar que o Governo é legítimo, que não se lhe pode tocar, o que não é verdade, nem constitucionalmente, porque é um Governo que faz tudo para destruir a Constituição e que ninguém já entende porque está completamente paralisado», considera Mário Soares.
Se Cavaco Silva fala em estabilidade, o antigo Presidente pergunta: que estabilidade? «A estabilidade é pôr o país inteiro contra o Governo? Não há estabilidade nenhuma. Antes da estabilidade, [Cavaco Silva] falava da necessidade de acordo, agora não há necessidade de acordo porque o PS não está de acordo de maneira nenhuma».
«Está toda a gente desesperada. Mas não é só o povo. É o povo e são os banqueiros e são os empresários», continua Soares.
Questionado pela TSF sobre as alternativas em caso da queda do Governo, o antigo Presidente evoca o passado.
«Haverá alternativas, quais elas são... quando se fez o 25 de Abril a senhora sabia o que é que havia depois? Eu não». No entanto, Mário Soares não advoga a necessidade de um novo 25 de Abril.
Para já, o antigo Presidente acompanha a certeza de que o Governo deve cair com uma convição: «vão destruir o país e a Democracia, disso não tenho dúvida. Já estão a fazer a pouco e pouco, isto já não é uma Democracia pura».
Mário Soares diz que o Governo depois de ter «vendido o país a retalho», está «paralisado». Por isso, insiste na mensagem: «é preciso parar com a austeridade» - é isso que as esquerdas vão dizer no encontro desta noite que acontece na Aula Magna da reitoria da Universidade de Lisboa.
Para além de Mário Soares, participam como oradores Cecília Honório, deputada do Bloco de Esquerda, João Ferreira, eurodeputado do PCP, e Ramos Preto, deputado do PS.
Fora do âmbito dos partidos, vão subir também à tribuna Sampaio da Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa e Maria do Rosário Gama, presidente da Associação de Pensionistas e Reformados.
O secretário geral do PCP não vai estar nesta iniciativa. Jerónimo de Sousa não espera que o encontro seja um ponto de partida para um entendimento à Esquerda. O líder comunista diz ainda que não acredita que esta reunião possa aproximar as posições do partido comunista e do PS.
Já João Semedo, um dos coordenadores do Bloco de Esquerda, destaca o caracter inédito deste encontro e acredita que pode representar um primeiro passo para uma convergência de Esquerda contra a atual política.
O Partido Socialista também estará representado na Aula Magna mas não por António José Seguro. O secretário geral socialista, apesar de ausente, admite que este diálogo das esquerdas é importante nesta altura. António José seguro reafirma à TSF que o seu objetivo nas próximas eleições é obter uma maioria absoluta mas não afasta o diálogo com outras forças políticas.
Notícia atualizada às 10h26