"É preciso que o país pague esta dívida." Cientistas manifestam-se esta quarta-feira contra a precariedade
À TSF, o presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior, José Moreira, diz que os cientistas querem o fim da insegurança laboral: "Para funções permanentes, um contrato permanente"
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Os cientistas portugueses manifestam-se, esta quarta-feira à tarde, em Lisboa, a partir das 14h30, em frente ao Ministério da Educação, partindo depois rumo à Assembleia da República.
Os manifestantes exigem a vinculação dos investigadores com contrato de trabalho permanente. “Para funções permanentes, [pedimos] um contrato permanente”, sublinha à TSF o presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESUP), José Moreira.
Em Portugal, o trabalho científico é assegurado maioritariamente por investigadores com bolsa ou com contrato de trabalho a termo.
À TSF, o presidente do SNESUP dá alguns exemplos da precariedade sentida pelos cientistas: “85% dos investigadores têm contrato de trabalho a termo, temos também um número não dispensável de investigadores que trabalham ao abrigo de bolsas e ainda temos um número não tão pequeno que trabalham em regime de voluntariado, isto é, fazem investigação cientifica sem qualquer tipo de vinculação e sem qualquer tipo de pagamento pela sua atividade."
José Moreira diz que esta é uma situação que já se arrasta há várias décadas e, por isso, os manifestantes exigem estabilidade laboral. O presidente da SNESUP diz que “é preciso que o país pague esta dívida para com a comunidade de investigadores”. “Não pedimos nada de extraordinário, pedimos o mesmo que outros trabalhadores portugueses: que não haja um grau de precariedade de – vou repetir o número – 85%, dados oficiais da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT)".
Além da SNESUP, a iniciativa é promovida pela Federação Nacional dos Professores (FENPROF), Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia, Organização dos Trabalhadores Científicos, Associação dos Bolseiros de Investigação Científica e Associação de Combate à Precariedade – Precários Inflexíveis.
José Moreira garante que se o Governo não apresentar medidas para melhorar as condições de trabalho dos investigadores, os grupos envolvidos nesta manifestação vão avançar com novas formas de luta.
Em julho, os cientistas já se tinham manifestado no Porto pelas mesmas razões. No ano passado, Lisboa foi palco de dois protestos contra a precariedade a ciência.
