"É preciso respeito." PCP acusa Governo de "propaganda" e insiste em majoração salarial no SNS
Para Paulo Raimundo, faltam "criar condições financeiras" que permitiram a fixação dos médicos no setor público.
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O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, acusou esta terça-feira o Governo de "propaganda" nas negociações com os médicos e voltou a defender a majoração salarial e condições de trabalho no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"Em primeiro é preciso respeito pelos profissionais, que não tem havido, e em segundo, falta criar condições financeiras que permitiram a sua fixação", disse Paulo Raimundo, em declarações aos jornalistas, junto ao centro de saúde de Marvila, onde se encontra esta terça-feira a ouvir as queixas dos utentes.
"O que nós propomos é 50% de majoração para aqueles médicos que decidam ficar no SNS (...) É uma medida concreta, não é agora a propaganda que o Governo vem fazer nestas negociações", reiterou.
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Paulo Raimundo defendeu, ainda, que o Governo "tem condições" e dinheiro para resolver SNS e "só não resolve se não quiser".
"Há uma crise geral na política do Governo. Nós temos condições, temos dinheiro, temos tudo... A opção é que está errada, porque o problema não é dos profissionais, que fazem falta, das condições do país, que existem, é o problema de uma opção errada que é preciso resolver rapidamente", disse, criticando em particular o ministro da Saúde, Manuel Pizarro: "Tem um projeto, que não é pôr isto a funcionar, é desmantelar este serviço."
O secretário-geral do PCP abordou também especificamente o caso do encerramento dos serviços de urgência de obstetrícia dizendo não saber "como é que é possível o Governo gerir com tanta facilidade esta intermitência" nesses serviços.
"Nem percebo muito bem como é que alguém que é responsável pelo ministério da Saúde consegue dormir descansado com essa realidade", referiu.
Sobre o centro de saúde de Marvila, Paulo Raimundo mostrou-se convicto de que as várias diligências dos utentes irão "ter resultados".
"A realidade é esta: 13 mil utentes sem médico de família, uma realidade para a qual não há condições de trabalho, nem de valorização, nem de respeito dos seus profissionais, quer sejam médicos, auxiliares, técnicos, enfermeiros. Para os utentes e para os profissionais que aqui trabalham, sobram sempre as promessas", concluiu.