É "prematuro" especular sobre pico da pandemia. "Expectativas não geram confiança"
David Justino e Carlos César concordam que pode haver um 'apertar' das medidas de contenção da população, como revelou António Costa, esta manhã.
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David Justino não concorda que o discurso político inclua uma expectativa sobre o pico da pandemia do novo coronavírus em Portugal. O vice-presidente do PSD acredita que "andar a especular sobre se vai ser em maio, princípios ou finais, se vai ser em junho ou se vai ser ainda em abril, acho que é prematuro".
O social-democrata reitera que "não tem sentido que isso possa ser incorporado no próprio discurso político, porque é criar expectativas boas ou más que depois não geram confiança entre a população".
Nos Almoços Grátis, da TSF, David Justino apelou a que haja "consciência" e que não se crie "muita ansiedade". E, no mesmo sentido, e como professor, o social-democrata acredita que o próximo período de aulas não vai acontecer com normalidade. "Estive a trabalhar com os meus colegas do meu departamento e já damos o terceiro período praticamente como perdido, porque mesmo que a situação possa inverter, este terceiro período está perdido e já estamos a trabalhar para saber se vamos fazer exames, se não vamos fazer exames", justificou.
'Apertar' com mais medidas
No momento de aumentar o período do estado de emergência, David Justino crê que são precisos "pequenos ajustamentos", lembrando que houve algumas detenções e que tem de se manter esse "nível".
"Não podemos voltar a desleixar quer o controlo das fronteiras aéreas, mantém-se fundamental, quer relativamente a alguma responsabilidade de pequenos grupos ou de um número reduzido de pessoas que entendem isto como uma coisa que vai passar e, portanto, não há que fazer nada e não há nada para contribuir", aponta.
Também Carlos César acredita que "podem ser acrescentadas mais medidas", principalmente pela possibilidade de se inverter o ciclo de abrandamento da curva de contágio. "Se voltássemos nestas semanas a uma vida normal ou se abrandássemos nas restrições, está tudo convencido que o número de casos voltaria a crescer perigosa e exponencialmente", acrescenta o presidente do PS.
* Entrevista de Anselmo Crespo