"É ridículo" e "inexplicável" que valor do PRR pago às empresas não chegue a 1% do aprovado
A diferença entre as verbas da 'bazuca' aprovadas e o valor pago às empresas é "inexplicável", critica João Duque. Já o presidente da comissão nacional de acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) antecipa um aumento "significativo" da contratualização com as empresas nos próximos dois meses.
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O PRR, anunciada pelo Governo como uma 'bazuca' para a economia portuguesa depois do período conturbado da pandemia, ainda está longe de ser uma realidade nas contas das empresas. No Fórum TSF desta terça-feira, Armindo Monteiro, vice-presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) afirma que, apesar de metade do pacote inicial já estar aprovado, aquilo que foi "efetivamente pago" não chega a 1%.
"Dos tais cinco mil milhões de euros prometidos, foram pagos, até ao momento, nove milhões. Isto significa 0,18%. Não chega a 1% sequer, é ridículo", lamenta o responsável, assinalando que "há, de facto, um olhar para as entidades públicas completamente diferente".
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A diferença entre o valor da PRR aprovado e a fatia do que já foi pago é um facto também apontado pelo economista João Duque.
"Em função daquilo que até estava previsto para 2021 e 2022, era suposto estarmos no final do ano com 5.844 mil milhões, estamos com 5.400 mil milhões atribuídos. Aparentemente, até não estamos muito mal face àquilo que era o calendário", reconhece.
Todavia, "as terminologias diferem" e "quando comparamos aquilo que está atribuído com aquilo que estava previsto, até estamos bem, o problema é quando comparamos o pagamento face ao que foi aprovado. Essa diferença é uma diferença que eu diria inexplicável", critica.
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Já Pedro Dominguinhos, presidente da comissão nacional de acompanhamento do PRR, prefere destacar aquilo que espera vir a ser um aumento "significativo" da contratualização com as empresas privadas que decorrerá da aprovação das agendas mobilizadoras.
"Eu diria que, nos próximos dois meses, vamos ter a aprovação, no caso das agendas mobilizadoras, de investimentos globais de cerca de seis a sete mil milhões de euros com incentivos entre 2.500 a três mil milhões de euros. Isto tem um aspeto significativo", afirma o professor do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS).
Na ótica deste responsável, as agendas mobilizadoras, cuja aprovação e assinatura está "para breve", têm um caráter "profundamente transformador da economia" porque "teremos um aumento significativo da contratualização com as empresas privadas".
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