E se fosse eu? É esta a pergunta que a Plataforma de Apoio aos Refugiados escolheu para fazer às crianças do ensino básico e secundário do país.
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E se fosse eu que tivesse de sair à pressa de casa o que levava na mochila? O objetivo desta iniciativa passa por desenvolver um exercício de empatia com quem foge da guerra na Síria e procura proteção humanitária noutro país.
A TSF esteve esta manhã nalgumas escolas. Em Bragança, na Escola Básica Albino de Sá Vargas, da Santa Casa da Misericórdia, o repórter Afonso de Sousa escutou o que os mais pequenos levavam na mochila.
" Levava sapatilhas, um boneco, levava soro, pomada para as queimaduras, papel higiénico, papel e uma caneta, lenços, comida, água" diz a pequena Joana Barros com nove anos.
"Se fosse eu" diz a Maria Madureira de 10 anos, levava isto: " Um peluche" com quem dorme, mas se tivesse de partir rápido deixava-o. Levava comida, roupa, comida com validade e já feita como as sardinhas em lata, soro fisiológico, ligaduras, fenistil para as queimaduras e também os documentos".
O Erickson Pedro saía à pressa de casa com "uma camisola, sapatilhas, pomada, um saco cama e umas bolachas". O Erickson tem oito anos mas sabe bem o que são os refugiados. "São pessoas que quando há guerra numa cidade têm de partir rápido e têm de deixar tudo para trás".
Ora aí está uma coisa que a Maria e a Joana não acham grande piada. " Acho que é mau as pessoas terem de fugir porque há pessoas que são indefesas e não fizeram nada" diz a Maria. A Joana acha que é mau estarem a atacar aquele país e acha bem eles fugirem.
Sónia Almeida é mãe do Rafael. Ajudou-o a fazer a mochila. Explicou-lhe coisas que ele não percebia. "Ele não sabia que os refugiados podiam perder-se da família e isso é que achou mais estranho. Depois entendeu mas ficou triste".
A manhã foi mais alegre e agitada na EB1 Albino de Sá Vargas, da Santa Casa da Misericórdia de Bragança. Todos os meninos abriram as mochilas no átrio e trocaram ideias sobre tudo e mais alguma coisa e fizeram perguntas, diz a professora Austelina Rego. "Algumas. Infelizmente ou felizmente eles estão a par daquilo que está a acontecer no mundo. Achei interessante a forma como eles disseram o que levariam na mochila. Houve um que me disse que levava um tablet. E eu dizia que, se calhar isso não era muito importante mas ele dizia que era a única maneira de se distrair à noite para dormir e não pensar nos problemas que estavam a acontecer naquele momento".
A Santa Casa da Misericórdia de Bragança é uma das Instituições que faz parte da Plataforma de Apoio a Refugiados e está pronta para os receber.