
Governo entregou hoje pedido na Comissão Europeia para uso do cardo na produção do queijo da serra. Armindo Ferreira, queijeiro de Gouveia, receia que a tradição esteja ameaçada, mas secretário de Estado tranquiliza produtores. Oiça a reportagem.
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Armindo Ferreira, queijeiro há quatro décadas, já perdeu a conta aos anos que tem: «Nasci em 1953. Agora os anos que tenho já não sei quantos são».
Perdeu as contas aos anos, mas não perdeu as contas às ovelhas. Orgulha-se da técnica. «Ajeito-me a ordenhar às duas mãos», atira enquanto demonstra.
Ordenha as ovelhas, faz o queijo e também planta o cardo. Diz que nunca utilizou outro método para a coagulação do leite. O cardo é uma planta usada na produção do queijo da serra.
Recentemente, uma diretiva europeia determinou que passa a ser obrigatório fazer um pedido de autorização para usar enzimas - como é o caso do cardo - em produtos alimentares.
Armindo espanta-se: «Há centenas de anos que o cardo é utilizado e é considerado um produto natural, nunca constou que causasse prejuízo à saúde de alguém».
O queijeiro fica de pé atrás e avisa que se o cardo for proibido, deixa de fazer queijo.
Contactado pela TSF, o secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar adianta que o governo entregou hoje na Comissão Europeia um pedido de análise da utilização do cardo como aditivo para alimentos.
Nuno Vieira de Brito tranquiliza os produtores e diz que durante os próximos dois anos nada vai mudar. Este é o período de tempo até que haja uma decisão final da Comissão Europeia.