E se receitas do turismo servissem para ajudar sem-abrigo? Proposta é discutida em Lisboa
Cerca de 2000 pessoas assinaram a petição para direcionar receitas do turismo para a intervenção junto das pessoas em situação de sem-abrigo. Mas as hipóteses de proposta ser viabilizada no município de Lisboa são fracas.
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A Assembleia Municipal de Lisboa vai discutir, esta terça-feira, uma petição que prevê a utilização de uma parte das receitas turísticas para erradicar as situações de sem abrigo na cidade.
Cerca de 2000 pessoas assinaram uma petição para que o município que destine 10% das receitas turísticas para apoio aos sem-abrigo. O projeto não terá, contudo, condições para passar, com base nas avaliações que tiveram lugar na Comissão de Direitos Sociais e Cidadania da assembleia municipal.
Américo Nave, primeiro subscritor da petição e diretor da associação de intervenção comunitária Crescer, admite que as suas expectativas em relação à aprovação da proposta são "muito baixas", mas acredita que a petição serviu para levar a um consenso sobre a necessidade de dar maior resposta aos problemas desta população vulnerável.
"Os deputados da Assembleia Municipal estão de acordo que é preciso arranjar uma outra forma de financiar projetos para que estas pessoas não continuem na rua", sublinhou Américo Naves.
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A associação Crescer, que faz intervenção comunitária junto das pessoas em situação de sem-abrigo, defende que é preciso "mudar o paradigma".
"Temos tido, ao longo dos anos, um investimento muito grande na área da emergência. Mas a emergência tem que ser uma exceção - não pode ser o alvo do maior foco e do maior investimento", advertiu Américo Nave, para quem a aposta deve centrar-se muito mais na "prevenção" deste tipo de situações. "Tem que haver mais investimento na área da prevenção, na área da habitação e na área do emprego", frisou, apelando à intervenção da autarquia, da Segurança Social e da Misericórdia de Lisboa.
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Em Lisboa existem, atualmente, 361 pessoas em situação permanente de sem-abrigo.