Os cozinheiros sempre o desejaram e os conhecedores do mar sempre o procuraram. Os locais que têm a sorte de o ter como produto local sempre o respeitaram. Quem o provou sempre se rendeu ao sabor intenso e único. Falamos do ouriço-do-mar.
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Prova-lo e dar um mergulho porque sabe a mar e neste caso ao mar da Ericeira onde está a decorrer mais uma edição do Festival Internacional do ouriço-do-mar.
A organização do Festival, que vai na quarta edição, sublinha que esta é uma oportunidade impar para marcar um primeiro encontro com uma das iguarias marítimas mais desejadas do momento, aprofundar uma relação já existente - será possível ver de perto a forma como e cultivado, produzido e comercializado através de visitas e palestras com oradores especialistas - ou confirmar o compromisso com um produto que se vai amar para sempre.
Entre as várias iniciativas previstas está o show 'cooking', este domingo, no Mercado Municipal da Ericeira com cozinheiros conceituados, como Vasco Lello, Rodrigo Castelo, Bertilio Gomes, Marco Martini, José Pinheiro, entre outros e uma mostra gastronómica com a possibilidade de experimentar as sugestões dos 22 restaurantes aderentes durante todos os dias do festival.
O Chef Vasco Mello explica que o ouriço "deve ter um sabor a mar e ter alguma doçura. As ovas têm uma consistência muito particular, mas devem saber a mar. Quando se abre um ouriço vê-se isso. Ele anda no fundo do mar e está cheio de água por isso esse sabor tem de estar presente nas ovas. O aspeto exterior é mais rude do que o interior que é mais delicado. Um pouco do encanto vem disso mesmo."
No desafio lançado pelas experiencias gastronómicas com ouriços-do-mar, o chef lembra que há várias maneiras de os apreciar como por exemplo "ao natural, como se vê na maior parte dos restaurantes, mas também pode ser usado em sopas e em caldos. O Festival tem uma série de restaurantes associados com ementas variadas e engraçadas. Eu vou fazer uma sopa de ouriço e vou também servi-lo ao natural. Há mil e uma maneiras de o fazer." Vasco Mello acrescenta ainda que o mar português ainda é rico nesta espécie que pode transformar-se no caviar luso.
Lino Costa, vice presidente do Maré, o Centro de Ciências do Mar e do Ambiente analisa as maneiras de manter a sustentabilidade desta espécie. O investigador explica que o ouriço do mar é uma mais valia para o mercado nacional porque "Portugal é uma das zonas em que a espécie não está muito explorada e portanto é uma fonte importante sobretudo para a exportação. Agora é preciso ter consciência que o que se explora deste recurso são as suas ovas e estamos a dificultar a reprodução da espécie. Por isso é muito importante desenvolver a aquacultura de modo a evitar essa pressão."
Lino Costa acredita que iniciativas como a do Festival Internacional do Ouriço do Mar, que está a acontecer na Ericeira, podem alargar o gosto por esta iguaria, mas sem nunca esquecer que é preciso salvaguardar os stocks naturais desta espécie.
Com o lema : o Mar não dá só peixe, o Festival do ouriço-do-mar acontece ate dia 8 de abril.