"É trapalhada atrás de trapalhada." Chega quer ouvir "com urgência" ministra da Agricultura no Parlamento
André Ventura considera que Marcelo deve "começar a pensar seriamente" sobre se o Governo tem condições para se manter em funções.
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O Chega entregou, esta sexta-feira, um requerimento para ouvir "com urgência" a ministra da Agricultura no Parlamento, na sequência do caso que envolveu a demissão da secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, 24 horas depois de ter assumido o cargo.
"A ministra tem uma responsabilidade grande, porque se sabia destes factos [das contas arrestadas], deveria ter sido um alerta de bom senso para que a nomeação não se concretização. A ministra tem algumas explicações a dar", afirmou André Ventura.
"Queremos ouvir a ministra antes de fazer o juízo final sobre uma eventual manutenção de condições para continuar em funções", sublinha.
O líder do Chega refere ainda que o Presidente da República "tem de começar a pensar seriamente se há condições de manter esta maioria [absoluta] em funções". "Podemos não querer eleições, eu também não quero, mas se a maioria não resolve o problema, temos que ter eleições para resolver o problema."
André Ventura defende que houve uma "desautorização do Presidente da República ao primeiro-ministro, que conduziu à demissão da secretária de Estado da Agricultura", o que "mostra um novo contexto entre governo e Presidente da República, com o Presidente a sentir-se obrigado a ser ele a fazer o que o primeiro-ministro já devia ter feito".
"É trapalhada atrás de trapalhada", sustenta. "Sucedendo demissão atrás de demissão, Marcelo terá de avaliar se este governo tem condições para continuar", reforça. "É impossível viver com isto todos os dias, o país não consegue discutir mais nada, porque todos os dias há qualquer coisa." "Vamos continuar nisto até quando?", questiona Ventura.
O jornal Público noticiou esta sexta-feira que a secretária de Estado da Agricultura demissionária, Carla Alves, informou a ministra da tutela, Maria do Céu Antunes, antes de tomar posse como governante na passada quarta-feira, acerca das contas arrestadas que partilha com o marido.
Em comunicado, o Ministério da Agricultura garantiu que a ministra Maria do Céu Antunes desconhecia o envolvimento de Carla Alves em processos judiciais.
A secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, apresentou na quinta-feira a sua demissão por entender não dispor de "condições políticas e pessoais" para iniciar funções, um dia após a tomada de posse.
O Correio da Manhã noticiou no mesmo dia o arresto de contas conjuntas que a secretária de Estado da Agricultura demissionária tem com o marido e ex-autarca de Vinhais, Américo Pereira, informação divulgada menos de 24 horas depois da tomada de posse da governante.
O Ministério Público acusou de vários crimes e mandou arrestar bens do advogado e antigo autarca socialista, que saiu da liderança do município em 2017, num processo de mais de 4,7 milhões de euros que tem mais três arguidos.
Em causa estão vários negócios celebrados entre 2006 e 2015, que envolvem também uma sociedade, um empresário e o reitor do antigo seminário deste concelho do distrito de Bragança.
De acordo com a investigação, foram detetadas nas contas do casal ao longo de vários anos divergências entre os valores depositados e declarados.