A Câmara de Chaves vai criar uma rede de aquecimento de edifícios a partir das águas termais que nascem na cidade. Numa primeira fase, a rede irá servir 25 edifícios públicos e privados, mas a ambição passa por levar esta forma de aquecimento às habitações.
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Trata-se, para, já de um projeto-piloto. É a partir da água que nasce quente (entre 66 e 77 graus) em Chaves que vai ser instalada uma rede de aquecimento em 25 edifícios. Um sonho com mais de 40 anos que avança agora.
"É um sonho que tem sido perseguido, ao longo dos tempos, no sentido de dar maior importância energética a este recurso natural, renovável e rentabilizá-lo em termos económicos". Quem o diz é Nuno Vaz Ribeiro, o presidente da câmara flaviense, que salienta a abundância natural da água quente na cidade. "Faz com que nós possamos ter caudal suficiente que nos permita ambicionar ter uma rede urbana para levar o calor aos edifícios."
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Cinco edifícios já têm uma linha dedicada, os outros 20 - entre eles, escolas, hotéis, a igreja matriz, a biblioteca, o tribunal e o museu Nadir Afonso - vão ficar na rede da água das termas, que deverá estar concluída daqui a um ano, acrescenta o presidente da câmara. "A nossa estimativa é que possamos ter a rede a funcionar no início do próximo ano".
O projeto tem também outra particularidade. A água nasce a cerca de 70 graus e as termas apenas a podem utilizar a menos de 30 graus. Ora, a rede contempla esse arrefecimento e reaproveitamento. "Estas águas que eram rejeitadas, muitas delas iam para o rio Tâmega e agora vamos aproveitá-las para aquecer os edifícios e, ao mesmo tempo, conseguimos também um processo de arrefecimento para que possa ser utilizada nas termas", explica o autarca.
Nuno Vaz Ribeiro espera que Chaves seja um exemplo na descarbonização e eficiência energética. Anualmente, o projeto prevê evitar a emissão de 1300 toneladas de dióxido de carbono e que o aquecimento chegue com menor fatura aos edifícios abrangidos. Depois disso, o sonho será outro, acrescenta o presidente da Câmara. "Poder chegar com esta rede a todos os flavienses, esse sim seria um sonho. Sonhando, diria que em dez anos poderíamos duplicar ou triplicar esta rede de calor."
O protocolo com o Governo foi assinado na última sexta-feira, dia 24 de janeiro. O projeto custa 850 mil euros e é financiado em 80% pelo fundo de apoio à inovação.