O presidente da Associação Nacional dos Produtores de Pera Rocha não acredita que cheguem apoios aos produtores e lamenta a quebra que está prevista na produção de pera rocha.
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A produção de pera rocha deste ano, cuja colheita começou há uma semana, deverá ter uma quebra de 50% devido à seca e às elevadas temperaturas registadas em julho, estimou esta terça-feira a associação do setor.
"Já tínhamos previsto uma quebra de produção de cerca de 30% em relação à anterior e essa quebra vai ser mais significativa", afirma à TSF, o presidente da Associação Nacional dos Produtores de Pera Rocha (ANP), Domingos dos Santos.
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O dirigente acrescenta ainda que a quebra é de 50% em relação a 2021 e teme que, já na próxima estação, os produtores abandonem a cultura de pera rocha e que procurem outras culturas "que possam dar mais rentabilidade".
O presidente da ANP confessa que "é uma pena" que tal aconteça justificando que a pera rocha é um fruto "muito apetecível" com uma qualidade organolética (teores de açúcar elevados) elevada. Para além disso, "o aumento significativo dos custos de produção e a valorização baixa" penalizam os produtores.
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Em relação a possíveis apoios, a Associação Nacional dos Produtores de Pera Rocha considera que ainda é cedo para dizer se são necessários ou não, mas o presidente da associação teme que nunca cheguem.
"Têm sido atribuídos muitos apoios, mas à algibeira dos agricultores não tem chegado nada. Tem sido uma mão cheia de nada." O presidente da associação afirma que os apoios não têm chegado e exemplifica com os "apoios de março prometidos para a seca e os apoios relativos à guerra na Ucrânia".
Comparativamente aos espanhóis, que são "os grandes concorrentes" da produção portuguesa, Domingos dos Santos refere que Portugal tem "fatores de produção mais caros, combustíveis mais caros" e que está "mais longe do centro da Europa", o que influencia o transporte do fruto.
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Na campanha de 2021/2022, a produção situou-se nas 220 mil toneladas de pera rocha, das quais 60 a 70% foram exportadas.
Brasil, Reino Unido, Marrocos, França e Alemanha são os cinco principais mercados de destino desta fruta.
A ANP possui cinco mil produtores associados, com uma área de produção de 11 mil hectares.
Produzida (99%) nos concelhos entre Mafra e Leiria, sendo os de maior produção os do Cadaval e Bombarral, a pera rocha do Oeste possui Denominação de Origem Protegida, um reconhecimento da qualidade do fruto português por parte da União Europeia.