"É uma pena que os sindicatos não apresentem resposta única." Professores acampados à porta do ministério
Os sindicatos levam esta tarde diferentes contrapropostas ao Ministério da Educação. A professora Luísa Brandão, ouvida pela TSF, refere que os docentes "estão cansados"
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Um grupo de professores está acampado em frente ao Ministério da Educação, no dia em que o Governo volta a receber os sindicatos para continuar as negociações sobre a recuperação do tempo de serviço dos docentes com diferentes contrapropostas em cima da mesa. No acampamento há vários cartazes com mensagens, tais como "a lutar também estamos a ensinar", "democracia é muito mais do que um cravo" ou "paguem o que nos devem".
Luísa Brandão é professora na Póvoa de Lanhoso e marca presença no protesto. À TSF diz que quer que "o ministério leve a sério os problemas da educação", algo que "não está, claramente, a acontecer", acrescentando que os professores estão "cansados, esgotados e a precisar urgentemente de mais recursos".
Esta é uma manifestação que não envolve sindicatos e Luísa Brandão critica o facto de estas entidades não terem uma resposta conjunta para apresentar ao Governo: "Os professores que andam na rua a reivindicar melhores condições de trabalho para eles e para os alunos deles consideram isto trocos. É uma pena que os sindicatos não apresentem uma resposta única ao ministro [Fernando Alexandre]."
Sobre as expectativas para as reuniões desta tarde, a professora assinala que "três reuniões já é sintomático de qualquer coisa que se anda aqui a arrastar e a pretender arrastar", destacando que "é inaceitável".
"Foi bandeira dos partidos fazerem a apologia da recuperação do tempo de serviço dos professores e, portanto, isto é um não assunto. Era para começarem a legislatura e resolverem este assunto e, de facto, virem para a escola verem o que é preciso resolver. Os problemas são muitos e nós andamos há um ano e meio na rua a pedir ajuda e não conseguimos dar conta de todas as problemáticas que nos chegam à escola", refere ainda.
Depois de a tutela ter apresentado a sua proposta no dia 3, que prevê a devolução faseadamente dos seis anos, seis meses e 23 dias de tempo congelado a uma média anual de 20%, começando em setembro deste ano, as organizações levam agora diferentes contrapropostas.
A FNE propõe a recuperação dos 2393 dias já a partir de 1 de julho e ao longo de quatro anos: 30% em 2024, 30% em 2025, 20% em 2026 e os últimos 20% em 2027.
Por outro lado, a Fenprof quer que o processo fique concluído mais rapidamente - ao longo de apenas três anos - e identificou na proposta do Governo três linhas vermelhas, desde logo a revogação do "acelerador" da progressão na carreira, que permite aos docentes afetados pelos dois períodos de congelamento da carreira recuperar o tempo em que ficaram a aguardar vaga para os 5.º e 7.º escalões, e que é também contestada pela FNE.
As reuniões no Ministério da Educação, Ciência e Inovação, em Lisboa, iniciaram-se às 14h00 com os sindicatos mais pequenos (ASPL, FENEI, FEPECI, Pró-Ordem, SEPLEU, SIPE, SIPPEB, SNPL, SPLIU e Stop) e às 17h00 é recebida a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), seguida da Federação Nacional da Educação (FNE) a partir das 18h30.
