Edifício descoberto no Iraque com ajuda de portugueses fornece informações sobre o início da civilização
O projeto arqueológico de Kani Shaie está em curso desde 2013 e conta com a colaboração de investigadores da Universidade de Coimbra
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Numa viagem ao passado, uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra descobriu um edifício antigo, no Curdistão Iraquiano, que permite conhecer novas informações sobre o início das sociedades em que hoje vivemos. As escavações do projeto arqueológico de Kani Shaie já duram há largos anos, desde 2013, e agora foi identificado um edifício referente ao período entre 3300 e 3100 a.C.
Em declarações à TSF, André Tomé, investigador do Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património e um dos diretores deste estudo, explica que se trata da descoberta de "um edifício oficial, provavelmente com caráter religioso, como um templo", situado numa zona "onde não há evidências para esse tipo de estrutura".
Por enquanto, está "só uma parte do edifício escavada", mas, para os investigadores, é essencial "continuar a trabalhar para perceber melhor de que templo se pode tratar", garante.
O diretor do projeto esclarece que foi possível perceber que "as primeiras sociedades complexas, com cidades povoadas, estruturadas e sistemas burocráticos, nasceram cedo". Para André Tomé, esta descoberta é um grande contributo científico, uma vez que permite compreender que "a forma como hoje nos estruturamos é resultado do que aconteceu na segunda metade do quarto milénio antes de Cristo".
Este período histórico recebe o nome da cidade de Uruk, reconhecida como a primeira grande metrópole do mundo.
A investigação tem sido feita a partir da escavação de várias camadas arqueológicas e André Tomé refere que, à medida que os investigadores vão descendo no terreno, "mais antigo é o material que está a ser estudado". Além do edifício, a equipa também encontrou fragmentos de pingentes de ouro, cones de parede, bem como outros elementos decorativos e artefactos.
Os investigadores da Universidade de Coimbra trabalham em parceria com a Universidade de Cambridge e com as autoridades de Património Cultural de Suleimânia. O projeto arqueológico de Kani Shaie e estas escavações, em particular, foram financiadas pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pela Universidade de Cambridge.
