Eduardo Paz Ferreira: UE está a tentar "uma espécie de golpe de Estado" na Grécia

Eduardo Paz Ferreira
TSF/Dinheiro Vivo
Em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, o académico e advogado diz não compreender as declarações do presidente do Parlamento Europeu, que defendeu um governo de tecnocratas para a acabar com a era do Syriza.
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"O que a União Europeia (UE) está a tentar fazer, através de um conjunto de mecanismos de chantagem, é uma espécie de golpe de Estado, que leve ao afastamento do Governo democraticamente eleito", diz Eduardo Paz Ferreira, que não gosta da atitude dos líderes europeus.
"Isso tornou-se claríssimo com as inacreditáveis declarações do presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, que, aliás, tinha sido um dos políticos europeus a manifestarem uma posição mais favorável, mais simpatizante com Tsipras e com o governo grego, e que ontem declarou que era preciso correr com estes tipos e meter lá um governo de tecnocratas", lamenta o presidente do Instituto Europeu da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Eduardo Paz Ferreira diz que a União Europeia foi inflexível e exigiu a humilhação da Grécia, considerando que as diferenças entre as propostas económicas de parte a parte são "ridículas". As motivações europeias, diz, são apenas "ideológicas e políticas".
O académico aponta o dedo também à diretora-geral do FMI, que considera "uma das personagens mais repulsivas desta estória, porque tem aquele ar doce e meigo, aquele charme, mas depois tem feito coisas inacreditáveis de hipocrisia".
Em relação ao referendo, Paz Ferreira entende que um "não" pode criar "instabilidade total", mas não significa a saída do Euro, e que um "sim" vai obrigar o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, a demitir-se.