"Em 2022, Portugal terá um dos maiores crescimentos entre os países da OCDE"
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Num momento em que a Europa enfrenta uma guerra, a incerteza e os receios quanto ao futuro estão na ordem do dia. No entanto, no que diz respeito a Portugal, a expectativa é de que 2022 e 2023 venham a ser anos de crescimento económico. Essa é a convicção de Manuel Lobo Antunes, representante de Portugal na Delegação Permanente da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico (OCDE).
Entrevistado pela TSF, o diplomata sublinha que "no último relatório sobre as previsões económicas, para este ano e para o próximo, aquilo que está previsto para Portugal é um dos melhores resultados, sobretudo em 2022. Portugal terá um dos maiores crescimentos dos países da OCDE e, das minhas conversas, e das conversas que eu tenho tido aqui, com funcionários e responsáveis da OCDE, naturalmente que há muitas incertezas, naturalmente que há preocupações, mas a mensagem que me têm transmitido, é uma mensagem de que, apesar das dificuldades, Portugal tem boas condições para ultrapassar, com sucesso, as dificuldades que estamos todos a enfrentar. Não negando, obviamente, que as dificuldades existem. Mas nem o relatório, nem as mensagens, são pessimistas, ou alarmantes. Antes pelo contrário".
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Ainda assim, o conflito na Ucrânia está no topo da atualidade. A destruição do país é bem visível, e a sua reconstrução tem de começar a ser pensada. Em maio, Janet Yellen, secretária do Tesouro dos Estados Unidos, defendeu a criação de um novo "Plano Marshall", mas pensado para a realidade e para as necessidades de recuperação da Ucrânia. Manuel Lobo Antunes garante que já está a ser pensada uma forma de ajudar na reconstrução da Ucrânia. "Estamos, naturalmente, a considerar, nos órgãos próprios da OCDE, a melhor maneira de contribuir para a reconstrução e recuperação da Ucrânia, naquilo que são as competências próprias da OCDE, que são competências no âmbito económico, de análise, de perspetiva, de aconselhamento de políticas públicas dirigidas aos respetivos governos. Não é propriamente uma agência de financiamento, ou uma organização de financiamento. É uma organização de aconselhamento, de acompanhamento, e de proposição de políticas públicas. É isso que estamos a pensar fazer, e como fazer. Entretanto, foi constituído um pequeno gabinete de apoio à Ucrânia que está neste momento a funcionar em Paris, mas que vai funcionar em Kiev logo que estejam reunidas as condições" sublinha Manuel Lobo Antunes.
Uma das preocupações da OCDE passa pela educação daqueles que são afetados pelo conflito na Ucrânia, numa altura em que a Europa está a contas com o maior fluxo de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. O diplomata português na Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico garante que existem "vários programas da OCDE destinados a apoiar a Ucrânia, e os estados que recebem, e têm recebido refugiados ucranianos, no sentido de aplicar as melhores práticas, e as melhores políticas, para ajudar à integração, tanto quanto possível, desses refugiados, nomeadamente no âmbito da educação. E a OCDE está a desenhar projetos, no campo específico da educação, de como poder ajudar as crianças refugiadas, e as crianças filhas de refugiados, a recuperarem dos efeitos negativos que resultam do facto de terem de abandonar o país de origem. A OCDE está muito focada nessa parte da educação, e da formação das pessoas refugiadas".
Sobre o futuro do organismo, Manuel Lobo Antunes reconhece que "o mundo de hoje não é o mundo de 1961, quando a OCDE começou a existir. Os desafios são diferentes e o mundo mudou". No entanto, o diplomata assinala o facto de a OCDE continuar "a ser atraente e atrativa, isto é, temos neste momento seis países candidatos a serem membros da OCDE, três da União Europeia e três da América Latina, que encontram na OCDE fonte de inspiração e utilidade, para o seu próprio desenvolvimento económico. E, por outro lado, a OCDE está na linha da frente do desenho de políticas públicas para áreas muito importantes e muito contemporâneas, como sejam o ambiente, a transição climática, os desafios digitais, e a educação. A OCDE tem sabido adaptar-se às novas realidades mundiais".
