Às 7h30 da manhã só quem viu as imagens das cheias é que conseguia perceber que o centro histórico da cidade esteve inundado durante dois dias, com água castanha barrenta.
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Águeda acordou com uma calma aparente. As ruas foram limpas pelos bombeiros e apenas os caixotes do lixo denunciam já os prejuízos. Amontoa-se o entulho e os produtos que ficaram danificados com as cheias. O rio voltou ao curso normal, mas deixou para trás máquinas avariadas, chão a levantar, paredes a descascarem-se e montras partidas.
Celso Almeida, do restaurante Arco Velho, no centro histórico, que teve água pela altura do balcão, durante dois dias, conta que ficou "com os frigoríficos avariados, escapando apenas uma das arcas que tenho mais alta". Chegou a entrar no estabelecimento no sábado, quando tinha água pelos joelhos, salvou o que pôde, mas não contava que a água subisse ainda mais. Ontem foi dia de contratação pessoal extra para as limpezas e de fazer contas aos prejuízos: "as pedras mármores do balcão estão a cair, as cadeiras a enfolar, as carnes foram todas para os contentores".
O problema agora são os seguros, conta a comerciante Maria Lúcia: "não sei como está a situação, espero mesmo que cubra os prejuízos que tenho aqui, caso contrário é difícil continuar com o negócio aberto".
A maior parte dos comerciantes conseguiu precaver-se, apesar da repentina chegada e subida das águas na sexta-feira. Retiraram os produtos das prateleiras mais baixas, colocaram-nos em locais mais altos, e criaram as barreiras que puderam para segurar as águas, como espuma isolante em portas, janelas e montras. Ainda assim, a montra de uma sapataria do centro histórico da cidade não aguentou a pressão da água e acabou por rebentar.
A ponte sobre o rio Águeda tem pintado à mão as datas das cheias que afetam a cidade. 2016 terá de ser pintado, para já, duas vezes.