Em Braga, a liberdade só chegou a 26 de abril. Democratas recriam comício 50 anos depois
Comissão de Homenagem aos Democratas de Braga vai recriar esta sexta-feira, 26 de abril, o primeiro comício em nome da liberdade, na Praça do Município.
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Se o dia 25 de Abril é sinónimo de Revolução dos Cravos, em Lisboa, a aurora da liberdade só chegou a Braga no dia seguinte.
“Na sua maioria as pessoas não saíram à rua, a não ser alguns estudantes e operários. As pessoas só saíram à rua no dia 26, quando sentiram que o que tinha acontecido na capital tinha sido um sucesso”, revela o coordenador da Comissão Promotora de Homenagem aos Democratas de Braga, Paulo Sousa.
Serão 120 os elementos que vão dar vida ao primeiro comício em nome da liberdade na antiga capital moral do fascismo. 50 anos depois, alguns dos corajosos que nesse dia falaram para centenas ou até milhares de pessoas, na Praça do Município, serão convidados a fazer parte deste momento. Entre os convidados está a única mulher que discursou na varanda dos Paços do Concelho, Luísa Caeiro.
A recriação histórica é um projeto com direção artística da Malad'Arte, uma iniciativa organizada pela Comissão de Homenagem aos Democratas de Braga e com a Rede de Escolas no âmbito do Plano Nacional das Artes e inserida nas Comemorações Municipais dos 50 anos do 25 de Abril.
Durante a encenação, jovens de várias escolas do concelho de Braga vão distribuir cravos vermelhos em homenagem aos ex-militares, mas o contributo dos filhos de abril não fica por aqui. “Vão recriar os cartazes que são retratados nas fotografias de José Delgado para no dia preencherem a praça e tornarem este momento o mais real possível”, revela Tiago Fernandes, representante da Malad'Arte. Desde janeiro que jovens de praticamente todas as escolas de Braga têm recebido visitas de capitães de abril e ativistas que deram a conhecer os seus “pontos de vista históricos” que vão muito além do conteúdo dos manuais.
São esperadas mais de 2500 pessoas nesta festa que a organização quer “de e para o povo”. Para o presidente do Município de Braga, Ricardo Rio, este é um “momento muito especial porque sendo um momento político, incontornavelmente, é também um momento pedagógico e cultural”.
A 26 de abril de 2024, pelas 16h00, a Praça do Município regressa assim, como a Chaimite, a 1974. A Associação Empresarial de Braga (AEB) também se irá associar a esta festa da liberdade. A equipa de formação da AEB irá confecionar 100 quilos de bolo para distribuir pelos voluntários. Além disso, serão oferecidas mil garrafas de Favaios, apontou Rui Marques, diretor-geral.
Porém, o programa comemorativo arranca às 10h30 com a plantação de 50 sobreiros, árvore escolhida pela sua resistência, no parque das Camélias por alunos do 1.º e 2.º ciclo.
Já está disponível o site da Comissão Promotora de Homenagem aos Democratas de Braga onde toda a programação pode ser consultada, sendo que este será uma espécie de "embrião" para um futuro Centro de Estudos da Resistência no Minho. Uma forma de documentar informações relevantes. Atualmente já estão disponíveis quase 80 biografias de homens e mulheres que ajudaram a construir a liberdade.
