O Mistério da Rainha da Fronteira é o argumento para uma visita à história e aos monumentos de Elvas. Os personagens saem à rua para guiarem os turistas e fazem representações, em que explicam o que estão os visitantes a ver.
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É à boleia do teatro que por Elvas se dá a conhecer o património monumental da cidade classificada pela UNESCO. A saga da procura da Rainha da Fronteira dá argumentos aos turistas para se cruzarem com ruas históricas, monumentos ou igrejas.
O roteiro surge pela mão da Associação Juvenil Arkus e contempla as igrejas de Nossa Senhora da Assunção, antiga Sé de Elvas, Domínicas, Alcáçova, Pelourinho, Castelo, Aqueduto da Amoreira, terminando no Forte da Graça. A princesa é a cicerone da comitiva, mas a interpretação das personagens vai explicando o que os turistas estão a ver.
Raquel Leal é uma das atrizes deste elenco criado em 2016. Diz que o projeto nasceu a pensar nos alunos espanhóis que estão aprender Português na vizinha cidade de Badajoz, mas cresceu até aos dias de hoje. "Continuamos a ter muitos espanhóis, mas também já somos procurados por portugueses. Ainda esta semana tivemos uma excursão de idosos de Sesimbra", revela.
Carlos Beirão, presidente da Arkus, destaca o dinamismo que a iniciativa confere à cidade. "Traz muitos visitantes que até já conhecem Elvas, mas apenas por alguns dos melhores restaurantes da cidade. Agora podem ficar a conhecer a história de Elvas, e há muitas pessoas que já anunciaram que vão regressar para mostrar isto a outros familiares e amigos", revela o dirigente.
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Sete euros por pessoa pagam toda a visita, com entradas garantidas nos principais monumentos da cidade, ainda com direito à passagem pela sede da Arkus onde a associação serve um lanche retemperador, antes de a comitiva descer até ao Aqueduto da Amoreira. E é em plena encosta que duas personagens dão conta da obra que por ali está. São 8,5 quilómetros de extensão e 843 arcos, tendo começado a ser construído em 1537, terminando em 1620.
Entre a comitiva, maioritariamente formada por espanhóis, elogia-se o projeto que apresenta a cidade no formato teatralizado. Elvas já foi a "Chave do Reino" na defesa estratégica contra Espanha, mas hoje são os próprios espanhóis que se aliam na promoção.
"Vimos a Elvas regularmente, mas apenas para fazer compras. Desconhecia muito do que vi hoje, e a possibilidade de conhecer a história e os monumentos com uma visita guiada e teatralizada é muito bom", resumia Carmelo Sayago, enquanto Angela Bru, outra visitante, elogiava a companhia de teatro. "Conseguiram explicar muitas coisas apenas com os seus diálogos", sublinhava.
Já no Forte da Graça, lá no alto, onde o Mistério da Rainha da Fronteira vai ser revelado, as personagens continuam a explicar detalhes da fortificação, erguida entre 1763 e 1792, que resistiu às tropas espanholas durante a chamada "Guerra das Laranjas" (1801) e, mais tarde, no contexto da Guerra Peninsular, às tropas do general Nicolas Jean de Dieu Soult. Durante largos anos foi utilizado como prisão militar.