Sozinho, das oito da manhã até quase às oito da noite, Humberto Correia é o coração da campanha do Amor no centro de Faro, diz que "duro foi trabalhar nas obras em França".
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Parece um senhor. Alto e magro, de fato azul-marinho, corte moderno, sapatos de couro reluzentes. De mais perto é um candidato fardado a rigor: o fato está já ligeiramente coçado de tanto uso e na lapela do casaco, a frase "Faro Destino do Amor", a letras bordadas.
Sim, admite que no início olhavam para ele como um louco, um palhaço. "Agora já não é assim, até os meus adversários me dão os parabéns por esta campanha", Humberto Correia, 57 anos, feito candidato independente, não há de perder por falta de confiança. "O Amor vai vencer, vai ser a maior vitória depois do 25 de abril!"
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Começou a trabalhar aos 10 anos, nos hotéis do Algarve, "a carregar malas maiores do que que eu". Depois emigrou para França, trabalhou em fábricas e na construção civil por 27 anos. "Isso é que era duro, trabalhar nas obras com 20 graus negativos", isto é um prazer, remata.
Há ano e meio que começou a recolher assinaturas. Na rua, onde tem pintado tudo e todos os que passam nos últimos 14 anos. Garante que desde essa altura não ganha um tostão. "Sou muito economista", conta que vive das poupanças do tempo em que esteve emigrado em França. É também do mesmo saco que financia esta campanha às eleições autárquicas.
Garante que não lhe custa passar dias inteiros a distribuir sorrisos e panfletos na rua mais movimentada da cidade, a Rua de Santo António.
"O mais difícil foi encontrar gente para as listas", acha que as pessoas estão muito desiludidas com a política. E é isso que quer mudar. A grande promessa é fazer de Faro "a cidade do Amor". Por exemplo, "com dezenas de loendreiros de flores cor-de-rosa".
Casas para os mais desfavorecidos a 2 euros por metro quadrado; sopa do amor para distribuir a quem tem fome, todos os dias no Largo da Pontinha; passes de 25 euros para trabalhadores do concelho ou infantários sociais, são mais algumas.
Todos os conhecem e muitos levam-no a sério. De vez em quando alguém para e fica ali a ouvir as propostas, a discutir o futuro da cidade. Leandro passa ao largo e vem dar uma palmadinha nas costas de Humberto: "Eu ainda não tenho idade para votar, mas se pudesse votava neste senhor!" Porquê? "Porque o Amor há de vencer!"
O peito do candidato quase rebenta o primeiro botão do casaco azul-marinho.