O ex-adjunto do ministro das Infraestruturas afirma que, antes da reunião preparatória com a ex-presidente executiva da TAP, o ambiente no gabinete de João Galamba era "tenso".
Corpo do artigo
Frederico Pinheiro, ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, disse esta quarta-feira que "em momento algum" João Galamba ou a chefe de gabinete lhe pediram as notas da reunião preparatória de janeiro com ex-presidente executiva (CEO) da TAP, apesar de saberem "da sua existência", e revelou um "apagão" às mensagens do telemóvel.
"Em momento algum me foram solicitadas as notas [da reunião preparatória], sendo certo que sabiam da sua existência", afirmou Frederico Pinheiro na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP, referindo-se a um encontro em 5 de abril, para abordar o tema da reunião preparatória do grupo parlamentar do PS com a ex-CEO da TAP Christine Ourmières-Widener, em janeiro.
16370565
O ex-adjunto de Galamba recordou que na reunião com a então CEO da TAP, estiveram presentes a diretora do departamento jurídico da companhia aérea, a técnica do Ministério das Infraestruturas e uma assessora da ministra dos Assuntos Parlamentares e descreve o ambiente no gabinete de Galamba como "tenso".
"Até à realização desta reunião tinha sido apenas detetado um e-mail meu a pedir para ser enviado o convite à TAP para a referida reunião. Naquele momento senti que pairava a ideia de que a decisão de juntar a então CEO da TAP à reunião com o grupo parlamentar tinha sido minha. Nesta reunião indico explicitamente ter tomado notas da reunião de 17 de janeiro, que registei no meu computador. Indico igualmente que são registos informais, com gralhas, que resumiam o que tinha sido abordado em ambas as reuniões", recorda.
"A dr. Eugénia Correia [chefe de gabinete de Galamba), que me pareceu desconhecer a reunião de 16 janeiro [entre o ministro João Galamba e a ex-CEO da TAP] indicou claramente que não seria revelada a existência da reunião entre o ministro e a então CEO e indicou ainda que em caso de requerimento da CPI as notas não seriam entregues", afirmou Frederico Pinheiro.
Maria Eugénia Correia pediu então todas as comunicações entre Frederico Pinheiro e Christine Ourmières-Widener, mas o ex-adjunto informou-a de que tal não era possível, uma vez que a gestora tinha a opção de apagar automaticamente as mensagens no Whatsapp ao fim de alguns dias.
Eugénia Correia pediu depois uma intervenção ao telemóvel de Pinheiro que acabou "com todo o arquivo de WhatsApp apagado".
Frederico Pinheiro sublinha ainda que Galamba disse "não ver problema" na realização da reunião preparatória.